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O DILETO AMIGO "DE RANCHO"

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   Quinta-feira, 23, Dia do Aviador, curti fortes emoções marcadas pelo reencontro de pessoas queridas e adolescente paixão indomada. De manhã, varada madrugada de tântalo em inexplicável fúria redatora, dirigi-me à Base Aérea do Galeão por gentil convocação do Cel Malagutti, da FAB, justo recipiendário da Ordem do Mérito Aeronáutico em formatura festiva naquela OM.

    Sou fabiano de berço. Cultor precoce de personagens épicos, ingressei na EPCAr disposto a encetar sibilante carreira de Barão Vermelho nativo, a pilotar caças supersônicos no éter celestial. De fato, os céus dominaram o jogo, pois logo eflúvios divinais me obsequiaram de volta ao vestiário, na instrução de voo do “ninho das águias de prata” dos Afonsos. Ganharam, a Força Aérea, a história da aviação, a segurança planetária e eu, que a esta altura do campeonato poderia estar flanando nos campos elísios.   

   Imperativo, manda o coração. Ao adentrar o palanque dos convidados, de repente entoava a Esquadrilha tal vibrante pré-cadete de quase cinquenta anos atrás, sem titubear nota sequer no envolvente hino castrense. Os aviões postados, a tropa formada, os uniformes azuis, o rápido sobrevoo de aeronaves e o desfile garboso me transportavam a idos sonhos juvenis momentaneamente revivenciados. O Hortênsio, o Cidade, o Lino, o próprio Malagutti, contemporâneos meus na senda aeronáutica, representavam elos afetivos com a maturidade irrevogável.

    Foi bonita a cerimônia. Feliz e nostálgico, descobri serem indesatáveis as paixões autênticas. Fingem ocultar-se, mas mero descuido a reativam, pulsantes, de limbo singular. Parabenizei o caro Malaga, curti coquetel agradável e retirei-me dali imerso em doce encantamento matinal de valiosas reminiscências pessoais. 

   Quase noite, extasiado ainda, acesso mensagem que desvendo temeroso de acusação qualquer, nesta época de bullyings descabidos. Seria o Paca, reclamando de citação em texto recente? O Frazão, furibundo por Sir Frazone? Baci, o cossaco tropical? Buscado o remetente, que elegante me corrige por proclamar “Brasil 3 x Áustria 1, na Copa do Chile, em 1962”, estarreço ao identificá-lo. Peraí, o Breide analisou banalidades deste beócio remido? Atarantado sucumbo a Morfeu, para reaver a razão no dia seguinte.  

   Dou mãos e pés à palmatória, nada havendo a discutir ou ponderar. Com precisão cirúrgica, o reparo resgata o fato de que a vitória brasileira deu-se por três a zero, na Copa da Suécia, em 1958, confirmadas circunstâncias episódicas do gol de Nilton Santos. Deplorável, todavia a gafe serviu para recontatar, malgrado na esfera virtual, o estimado ala do Esquadrão MMM a quem raramente vejo.    

    O Breide inclui-se no rol dos intelectos privilegiados da Turma, que simplifica problemas em qualquer TO. Lembro-me de eventuais desafios racionais lançados em salas de aula, quando invariavelmente acertava na lata, embasbacando a galera. Ostenta as raras virtudes de ser perfeccionista sem ser chato, de descomplicar sem perder tempo, de resolver sem embromar. A lendária aptidão para o tiro, a mão certeira no basquete e no vôlei decerto decorrem de matriz pragmática da sua personalidade, de potencial artilheiro infalível ou piloto de caça mortífero.

     Inspirado no infante Simões, formulador de peculiar teoria, onde intervalando as forragens compêndios filosóficos são ferozmente cortejados por cavalariças de vasta cultura, advogo a tese da corda-tronco existencial operada por quatro categorias de guardas-cavalos: cartesianos, freudianos, românticos e básicos, que tipifico.

    Guardas-cavalos cartesianos, de lógica apurada, o Breide, exploram relações causais para dominarem a cavalhada inquieta; freudianos, ou freud-metafísicos, Damerran, empregam a psicologia animal e mandalas junguianas, sendo igualmente exitosos; românticos, ou árcade-líricos, Dom Coco, encaram da fúria à idolatria dos beiçudos; básicos, ou simples guardas-cavalos, este parvo, debatem-se confusos no meio de habitual tormenta, incapazes de ordenarem o caos encordoado.           

   Ao responder-me, imemorial contingência em ELDs acadêmicos surgiu, produzindo o clarão de grata revelação: paixões juvenis, tal qual a de caçador aéreo, e amizades sinceras, como a dele, se agigantam na perspectiva do tempo e distância implacáveis, indeléveis.    

    Ao dileto Cad Cav 1022/69-72, Breide, especiais saudações deste humilde guarda-cavalo, privilegiado pela atenção generosa do velho amigo “de rancho”.


Rio de Janeiro, 27 de outubro de 2014

Cad Cav 1039/69-72, Nilo Obá, enrolado na corda-tronco.{jcomments on}

SIR FRAZONE

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   Recebo notícias esparsas do Frazão, na presidência do Círculo Militar da Vila Militar. A mais recente estampa imagem sobre a realização de torneio de sinuca, levando-me a vincular a missão do querido confrade à autêntica sinuca de bico, que somente alguém como ele poderá desfazer. Falo de camarote, pois ocupei o mesmo cargo cumulativamente ao exercício de atribuições funcionais no Comando da 1ª DE, onde servi de 1996 a 1998.

    Os clubes sócio-esportivo-recreativos, pelo menos nos grandes centros, sofreram drástica redução de associados e atividades que os faziam importantes polos de convergência social. Quantas lembranças emotivas certamente acorrem aos que aprenderam a nadar e praticar esportes em geral, dançar e namorar em antigos clubes da juventude distante? Os condomínios residenciais, mudanças de comportamento, mobilidade urbana e fatores variados de novas realidades somados lhes esvaziaram a frequência, igualmente afetando agremiações militares congêneres. E aí se encerra o xis do problema de suas dificuldades atuais, não raro deixando-os sem recursos para a satisfação mínima de encargos vitais, como o pagamento rotineiro de funcionários e a manutenção de equipamentos e instalações.

     Notadamente nos anos 1950 e 1960, o CMVM atraía a oficialidade da Vila Militar, seus familiares e civis eminentes da vizinhança. Viviam-se os anos dourados da cuba-libre e do mobiliário pé-de-palito, alegres tardes e chá dançantes ali acrescidos de escassos automóveis particulares, televisão incipiente e difícil acesso às principais áreas da cidade.  A zona sul parecia recanto imaginário, em particular Copacabana, tantos eram os percalços para alcançá-la; a Barra ainda um vasto areal, quase inacessível; mesmo a Tijuca e o Centro tinham acesso complicado. Neste cenário, o Círculo da Estrada São Pedro de Alcântara representava o point natural daquela região, aproximando jovens personalidades como Nestor Cabeça, Marcos Jacaré, Ivo Damerran Salvanyus, Professor Auzemyr e outras que lá se esbaldavam em arroubos iniciatórios de futuras trajetórias estelares.

    Há muito o CMVM enfrenta desafios de concorrência intensa e desleal: shopping-centers, inclusive dentro da Vila Militar; facilidade e rapidez de transportes; multiplicação de piscinas, campos e quadras esportivas; profusão de ambientes recreativos; internet, equipamentos virtuais e incontáveis variáveis detonadoras do seu poder afiliativo. Paradoxal que o seja, o progresso jogou contra. Eis a questão, sem dúvida iluminando o Cmt 1ª DE, em sábia decisão, a colocar o ilustre filho de Tremembé à frente do CMVM. Malgrado mero palpiteiro, ouso expor interpretação pessoal para a mencionada escolha, ancorado na duradoura amizade com o dileto presidente.  

    A persona do Frazão, desde cedo e assim consagrou-se, transparece enganosa religiosidade reducionista, devotada integralmente à clausura e à busca da salvação terrena, o que contribuiu para ocultar facetas relevantes da sua maneira de ser. Sem desmerecer-lhe a vocação metafísica, respeitável e admirável, o verdadeiro Frafri incorpora manifestações personalógicas diferentes daquela à qual habitualmente o associamos, arriscaria dizer antagônicas. Quem dele desconhece o acendrado conhecimento de emprego da Arma Ligeira, a habilidade equestre, a aptidão para o tiro, o lauréu exclusivo de combatente aeroterrestre do Esquadrão/72? Ou as aguerridas reações instintivas de sobrevivência perante comensais selvagens do dito Esquadrão, nas refeições acadêmicas? Existem inumeráveis Frazões e me ocorreu apreciar um desses lados ignorados seus, o de musicista exímio nas cordas do violão que dedilha com precisão. Aliás, violeiro e cantador na melhor tradição dos trovadores medievais, ancestrais remotos do cortejar romântico à figura feminina, ao amor cortês e à valorização da mulher. Comecei a sacar porque o nobre cavalariano-pqdt é o homem certo no lugar certo do Círculo da Vila.  

     Trovadores e cavaleiros representam faces de uma mesma moeda. Enquanto aqueles resgataram o lirismo amoroso, contrariando a mentalidade hegemônica católica da Idade Média, entre os séculos XI e XIII, a ética da cavalaria reprocessou modos e costumes trovadorescos sob uma roupagem palatável aos cânones eclesiásticos, por definição opostos à glorificação ocasional do amor adúltero pelos trovadores. Originaram-se daí os cavalheiros, seres gentis dos quais até o surgimento das feministas radicais copiavam-se os gestos de abrir as portas dos automóveis para as damas, pagar-lhes as contas nos restaurantes ou beijar-lhes as mãos em ato de sublime contrição. Aos cavaleiros mais refinados concedia-se o título nobiliárquico de Sir. Eureca! O Frazão preenche a totalidade dos requisitos de legítimo Sir medieval, agitaram-se meus combalidos botões: é cavaleiro, é gentil, é valente, domina o violão como a rabeca dos trovadores, entoa canções ingênuas e não canta a mulher alheia. Portanto, last but not least, o consagro Sir Frazone.  

     Na verdade, a imponência do salão de festas do CMVM reverencia idos faustosos, nas nuances arquitetônicas arquetípicas de estranha procedência. Teriam acampados cavaleiros pré-templários no terreno do Círculo? Lanço a indagação ao califa Damerran, expert insuperável em assuntos de natureza cósmica.   

     Mas remeto o desafio final ao Pimpim e demais frequentadores habituais da Praia Vermelha: seja a próxima reunião da Turma, a de novembro, excepcionalmente realizada no CMVN, sob as árvores frondosas de suas dependências ou à beira da piscina, acalentada pela mística da Vila Militar, nosso abrigo em alguma fase da carreira.   

   Antecipando possíveis críticos, meus pela sugestão inédita, do Frazão pelo seu absenteísmo histórico às assembleias das sextas-feiras iniciais do mês, nas CNTP, eu lhes replico humildemente: escancarem os corações, coluna motorizada em ordem de marcha à retaguarda do Prez Pimpim, em sete de novembro vindouro, rumo Sapopemba entoando a canção For He`s a Jolly Good Fellow, sem adaptações maliciosas.

    Ao estimado Sir Frazone, votos entusiásticos de sucesso na missão, que os seus elogiáveis predicados já devem estar reduzindo à mais banal das tacadas na caçapa.   

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Rio de Janeiro, 12 de outubro de 2014

Dom Obá III, sinuqueiro sem eira nem beira.{jcomments on}

O LETARGO, O BARDO E O CALIFADO

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     Homens de verdade balançaram-me coração e mente nesta semana, sem suscitarem  arrebatamentos juvenis que a maturidade ignora, mas admiração incontida diante de imagens e palavras publicadas. Antes que a vigilante patrulha MMM me aliste na brigada do amor que não ousava dizer o nome, os incluo na espécie em extinção dos que afrontam o farisaísmo politicamente correto, negando contrafações ou encenações pueris.  Sumo sacerdote da seita, o confrade Ismael B encarna à perfeição o espírito de tais cavaleiros neandertais.

    Sucessivas clausuras, no bunker-barraco do Urubú-Babilônia, acenderam o alerta vermelho: a que atribuir a tendência quase compulsiva de isolamento da vida mundana? Percebera indícios, porém algo excedia os pífios desempenhos do atual Pigmeu da Colina a explicar meus crescentes e prolongados retiros no cafofo montanhês. Hipóteses aventadas, lhes dispenso de apreciação enfadonha, exceto daquela pinçada no chamado reino animal.    

   Ao consultar desfolhado tomo da Enciclopédia Barsa/1959, nos ursos rastreei o fio da meada. Sim, os simpáticos ursos polares, durante meses entocados em grupos familiares para enfrentar as gélidas temperaturas invernais. Ao hibernarem, gradual processo letárgico os vitima, rebaixando-os a ursinhos de pelúcia inofensivos. Acompanham-lhes marmotas, esquilos, morcegos, ouriços e variados espécimes, letargos na pura acepção conceitual devido às maiores desconstruções psicofisiológicas sofridas na hibernação. Abismado, desconfiei-me homem-urso latente, futuro letargo humano.  

   Envolto em crise existencial profunda, comparei-me a confrades há tempos desaparecidos do CMPV, por suposto em prolongado estado de fruição letárgica. Ivan C, Djalminha, Louvera, Gonzaguinha, Abelardo M, Boschetti, Nonato e Bastos são exemplos recorrentes.Na verdade inúmeros letargos militam na esfera virtual, embora repassando mensagens que não lhes dissipam atribulações afetivas perante a Turma. Tudo piorou quando os meus ídolos literários de uma vida inteira, bardo Cléo e Damerran Smith, perigosamente rarearam suas intervenções na rede, provocando-me dilacerantes conjecturas, felizmente desfeitas nesta madrugada.

   Ao interromper o sono, fruto de indescritível pesadelo sob o qual me debatia aferrado a  permanente imobilismo letárgico, corri até o velho PC, onde com enorme dificuldade e assombro metafísico acessei revelações redentoras, primeiro, a do inigualável bardo, depois, a do insigne xamã alencarino.

   Cético de carteirinha, paralisei à vista da brilhante poesia Ao Meu Amigo/ Irmão/ Companheiro Don Obá.  Genial do princípio ao fim, a temporada no manicômio parece ter despertado terríveis, incontroláveis demônios na psique privilegiada do estimado amigo-irmão tijucano, talvez adensando já grave patologia substancialmente cevada na indignação com a corrupção galopante, que vilipendia as relações sociais. Como Rimbaud redivivo, sua experiência psiquiátrica remete à estação no inferno do renomado simbolista francês, desobrigado por sorte de antever mazelas endêmicas contemporâneas.

   Enquanto esperança persistir o sonho triunfará, dileto bardo Cléo. A Dr Eiras já se transformou num condomínio de luxo, a vantagem da Dilma nas pesquisas balança, a fada-madrinhaenfermeira servirá e contará histórias no PDC, corruptos e corruptores abandonarão a cena política e os vencimentos dos coronéis do EB lhes permitirão morar na orla de Ipanema e comprar flats parisienses no Marais ou no Quartier Latin.

  Extasiado, encareço externar dois sentimentos. Um, de gratidão pelas honrosas, a rigor imerecidas referências a este modesto escrevinhador. Outro, de insondável preocupação com a sua conversão às hostes da selvagem “nação” esportiva, que mesmo decorrente de forte privação de sentidos exige ida premente a psiquiatra, bruxo ou demiurgo capaz de exorcizá-la.  

   Ainda trôpego, recorro à mensagem seguinte e leio – “ Visita do Coronel Salvany ao 3º RCC” -. Breve convulsão me agita, interpretada como libertadora dos riscos de ascender a homem-urso letargo. Finalmente redimido, célere acesso os arquivos anexados. Num flashback emocionante imagens atestam o reaparecimento do inesquecível comandante do 3º Regimento de Carros de Combate à Unidade querida.

   Imagino o frisson da tropa ao adentrar o ex-Cmt lendário no aquartelamento. Tal qual Dom Sebastião ou Cid campeador de carne e osso, refulge a figura encantada do líder impoluto. Simples e acessível, como os grandes homens, no envergar vestimenta operacional peculiar percorre as garagens, monta nas torres e no interior dos carros, nas guarnições a se readaptar aos avanços tecnológicos, desvenda as salas de instrução e as instalações mais recônditas do quartel, conhecedor emérito que é das minudências profissionais. Terminando a visita, oponto culminante: dirige-se a jovens oficiais perfilados, visivelmente atrelados ao seu reconhecido carisma e sábias palavras proferidas.

   Sendo Osório o indiscutível profeta da gente cavalariana, Ivo Salvanyus é o indiscutível califa atual. Dia haverá em que, mutatis mutandis, suas crescentes conquistas superarão as do afamado califado abássida. Sem as violentas rupturas grupais dos religiosos, o califado salvânico se agiganta harmônico graças à liderança inconteste do xamã cearense, que discretamente percorre os domínios da Arma Ligeira convertendo o valoroso povo tanquista e das baias.  

    Nas asas da poesia, e em imagens apostólicas, livrei-me da ameaça de tornar-me letargo.

    Aos estimados confrades Cléo e Damerran Smith, os meus efusivos agradecimentos.

   Rio de Janeiro, 26 de setembro de 2014

   Dom Obá III acordado, pronto para o serviço.{jcomments on}

CRAQUES, ENGRAXATES E GNOMOS

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    Antigamente, quando o craque estufava as redes adversárias marcando um gol delirante, companheiros de time o reverenciavam simulando engraxar-lhe as chuteiras.  No transbordamento da emoção represada ritualizavam loas ao virtuose, ao fora de série elevado a semideus, ao herói na concepção grega. Guardo na retina cenas assim, hoje raras, talvez devido ao empobrecimento do velho esporte bretão, à escassez de craques ou ao fato de as chuteiras não mais se prestarem a ser engraxadas...

    Lustraria os calçados de expoentes merecedores da minha admiração irrestrita. Em catarse recente, após retiro no barraco montanhês onde moro, externei irretratável conformismo ao reconhecer que nesta edição terrena jamais conseguirei abordar, nem sonhando, os talentos inatingíveis de destacados confrades similares a artilheiros de gols memoráveis d`antanho.

    Fora da Turma, engraxaria os sapatos para luminares de diferentes extrações. Alguns, pela importância histórica dos seus legados: grandes filósofos, líderes militares, cientistas e artistas. Outros, pela contemporaneidade criativa e influência no amainar a dura lida existencial. O que seria de nós, ou de mim, sem os craques Pixinguinha, Noel Rosa, Wilson Baptista,  Nelson Cavaquinho, Djalma Ferreira, Luiz Antônio, Antônio Maria, Johnny Alf,  Moacyr Silva, Durval Ferreira, Donato, Elizeth, Leny, Emílio, Tom, Newton Mendonça e Vinícius, na música brasileira? 

    E o que dizer da confraria jazzística? Armstrong, Hawkins, Billie, Duke, Bird, Miles, Dizzy, Buddy, Errol, Thelonius, Coltrane, Chet, Ella, Sarah, Carmen, big bands, afro-cubanos; Sinatra, Dean, Nat,  Hartmann e Crosby, na canção; Little Richard, Beatles, Ray e  Stevie, popstars. Nos esportes, os timaços do lendário Expresso da Vitória, as seleções de 58, 62 e 70, Friendenreich, Barbosa, Bellini, Pelé e Garrincha; as seleções de basquete de 59 e 63, as de vôlei a partir dos anos 1990; no atletismo, Ademar, João do Pulo e Prudêncio; Fittipaldi, Piquet e Senna. E la nave va com infindáveis opções.

    Sempre admiramos alguém, por algum motivo. Infinitas são as fontes motivadoras da admiração, às vezes inexplicáveis por falta de lógica aparente ou de sustentação ideológica. Vagas reminiscências escolares de antigo Curso de Psicotécnica Militar realizado no CEP, circa 1985, junto aos queridos mestre Gomes, Carloub, Vita e o saudoso Guedinho/Inf, encorajaram-me a bisbilhotar assunto de tamanha complexidade. Mas, como qualquer cavalariano intui, sem certa cara de pau e ousadia não se atravessa a rua para comprar picolé na sorveteria da esquina. 

   Relembrando o Dr Sig, os assombrosos dragões canibalescos deste mundo são as forças da natureza, a vida na civilização e o inexorável destino da finitude corpórea, na morte.  À renomada tese acrescento vilões insuportáveis a qualquer ser vivente: o PT, o Framengo e o batidão funk-breganejo.  Embora contumaz gazeteiro nas aulas do CEP, agradeço-lhes por resistir a impulsos destrutivos de personalidade perante os tais acréscimos.   

   Adentrar o universo freudiano revela mais surpresas que a tal caixinha-clichê do futebol, principalmente a penetra vulgar como este mentecapto. Dos complexos aos mecanismos de defesa nada escapa ao olhar iconoclasta do Dr Sigmundo, que se vivo estivesse balançaria ainda conceitos arraigados, dando panos pras mangas com suas ideias reformadoras.  Considere-se a admiração mórbida do oprimido pelo opressor, popularizada nos anos 1970 na chamada Síndrome de Estocolmo, categorização das declarações simpáticas, pós-sequestro, de sequestrados aos terroristas que os capturaram em pleno voo comercial, e os mantiveram reféns na capital sueca durante longo período. Bingo! Insight clarividente iluminou-me a mente.

     Atribuí a mística da Turma, em boa parte, à simpatia dos seus integrantes, tantos são os comentários favoráveis insuspeitos.  Luxuosos adendos ratificaram-me percepções idealizadas. O Micelli, referendando citações ao Brito e ao KbçA, o Simões dissecando personalidades, e o profeta do califado salvânico relatando experiência histórico- metafísica que me assombrou. Sim, assombrou...  

    Conciso e elegante, primeiro o zen-califa Damerran descreve visita de ex-ministro do EB às antigas instalações do Centro de Instrução de Blindados. De um lado o Cmt Aço, vibrante e desenvolto na pele de cavalariano destemido; do outro, Cmt OM, também da Arma Ligeira, inseguro e inibido diante da figura do ministro que, perspicaz lhe indaga – “Cmt,  por que o senhor não sorri?  Parece infeliz, está triste com o comando da sua Unidade, das mais prestigiadas da Cavalaria?” - Ato contínuo, o antes taciturno Cmt reconhece a própria tensão, desanuvia o semblante e a partir daí bate um bolão. Compreendera o poder funcional da simpatia.

     Depois, o assombro. Do Realengo o zen-califa longe viajou na memória até aterrissar nos cafundós da Amazônia, em plena selva tropical. Breve e incisivo, no relato de vivência fantástica, lá avista a poucos metros de si um inacreditável gnomo que, paralisado pela aura amistosa do lendário Cmt tanquista, lhe abre contagiante sorriso de boas vindas à floresta impenetrável. Estava selada para sempre, naquele momento mágico, a eterna aliança entre a Cavalaria e a Feitiçaria.  Era o gnomo engraxando os coturnos do fero Damerran.     

    Ora, se o gnomo deixou-se seduzir pelo suposto opressor, nada mais resta a argumentar. Ninguém da Tu MMM 72, incluídos os seus maiores craques em qualquer modalidade, se eleva à magnitude simpática do pensador e filósofo praiano Ivo Salvanyus. Em consequência deveríamos, sem exceção, engraxar-lhe as botas de Pelé da simpatia e do bem viver.    

   Aliás, somos todos gnomos encantados, sorridentes, felizes perante o Cmt Aço, bradando a uma só voz: Ferro e Aço!!!   Fogo e Balaço!!!

 

Rio de Janeiro, 04 de setembro de 2014.

 

Dom Obá III, gnomo de carteirinha das selvas de pedra.{jcomments on}

Visita do Cel SALVANY ao 3º RCC

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 Saudações cavalarianas e flamenguistas -  Aos amigos vibradores, para que compartilhem comigo os momentos de elevada vibração, orgulho e honra  que senti na visitação saudosista por ocasião do 70º aniversario do 3º RCC, Regimento "Ferro e Aço! Fogo e Balaço!". Aquartelado na bela cidade de Ponta Grossa, Paraná, onde estive em 18 e 19 Set p.p.  Quando, nesta visita, novamente integrado a uma briosa guarnição de Carro de Combate senti-me voltar aos meus inesquecíveis e bons  tempos de   jovem tenente audaz, arrojado  e destemido Guerreiro Blindado dos velhos tempos de Realengo e Gericinó, no Rio de Janeiro. O 3ºRCC é uma organização militar de Cavalaria blindada de elite  onde tive o privilégio de ser Asp, 2ºTen, 1ºTen e depois, no posto de Coronel "full", de  comandar em 1997/98. Também, quando era honrado Chefe do EM da 5ª Bda C Bld, em 2002,  até passar a Reserva naquela função, comparecia  frequentemente  no nosso querido 3º RCC.

Nesta minha visita recente ao glorioso 3ºRCC pude  aquilatar e sentir, a alma cavalariana  e espírito blindado dos seus atuais integrantes,  a mesma  vibração, tradição, orgulho, espírito de corpo, elevado profissionalismo, competência, expertise e élan  da Cavalaria Blindada que sentíamos e preservávamos nos velhos tempos da antiga Divisão Blindada, na velha  DB do  I Exército.

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Hoje, nossos modernos combatentes blindados dispõem de avançado centro de adestramento das guarnições blindadas, com simuladores de última geração para exercícios individuais e da tripulação CC como um todo, os novos Carros de Combate LEOPARD 1 A5, de origem alemã, de 42,5 Toneladas, autonomia de 600 Km, com Can105mm, duas Mtr 7,62 mm, possui excelente proteção blindada, computador a bordo, telêmetro laser, colimador de paralaxe, estabilizador de canhão e torre para o tiro em movimento, visão noturna tipo Termal para o tiro, periscópio de luz residual para o motorista, novo sistema eletro-hidráulico para a torre. Isto tudo enche-nos de orgulho e alegria. Temos em mãos  um excelente Carro de Combate, respeitado e temido no mundo,  que permitiu uma grande evolução e  salto tecnológico na Cavalaria Blindada e, assim,  inserir definitivamente   nossos poderosos e imbatíveis Guerreiros Blindados brasileiros na guerra contemporânea.

Somos os punhos de aço do Exército Brasileiro!

Somos a moderna Cavalaria brasileira!

 Ferro e Aço! Fogo e Balaço!


Cel Cav Salvany - Cmt do Carro de Combate  Gargaú, o melhor Tank de

guerra do 3ºRCC{jcomments on}.