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Festa Nacional da Artilharia - 2015

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"MA FORCE D'EN HAUT!"
Minha força vem do alto!

O convite chegou por mensagem eletrônica. Com dois meses de antecedência. O Tenente Coronel Carlos Marcelo Teixeira Costa, comandante do 3º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado - Regimento Mallet - O Boi de Botas, a unidade herdeira direta das tradições do patrono da arma de artilharia do Exército Brasileiro, informava que estava iniciando os preparativos para a Festa Nacional da Artilharia 2015 e indagava se eu aceitaria, preliminarmente, inscrever-me para participar.

O coração do velho artilheiro pulsou forte. Depois de 34 anos de serviço ativo e mais 15 na reserva e reformado, o convite era inusitado e irrecusável. Inusitado porque não me lembro de tê-lo recebido antes. Irrecusável porque nunca tive a oportunidade de assistir a celebração naquela histórica unidade. Respondi, afirmativamente, e aguardei com ansiedade quase colegial, a confirmação da atividade.

Na semana que antecedeu a festa recebi ligação telefônica, oriunda do Comando da Artilharia Divisionária da 1ª Divisão de Exército, perguntando se eu confirmava o interesse em participar da festa. Confirmei e fui então informado que os detalhes logísticos para o deslocamento e outros necessários à viagem me seriam transmitidos em tempo oportuno. E assim ocorreu.

Desde logo percebi que a impecável organização, característica das coisas do nosso Exército, fazia-se presente na detalhada preparação para que tudo funcionasse a contento. Ainda no Rio de Janeiro, os cuidados com o transporte, a alimentação,e a recepção, começaram a se delinear em verdadeira grandeza. E o que seria marca registrada, o caloroso reencontro de chefes e subordinados, amigos de todos os tempos, da ativa e da reserva passou a ser a regra que regularia por quase 30 horas as relações entre os soldados de ontem e de hoje, irmanados no mesmo fervor cívico-militar de homenagear o patrono da nossa arma.

A fidalguia do General Mourão, Comandante Militar do Sul, ao recepcionar-nos com os seus oficiais-generais, com o Comandante anfitrião, TenCel Carlos Marcelo, e com o Cel Aviador Medeiros, Comandante da Base Aérea de Santa Maria, tocou a todos nós. Seguiu-se o almoço na própria Base, onde o cardápio, simples como coisa de soldado, ofereceu como prato de resistência a camaradagem representada pelos longos e afetuosos abraços trocados entre aqueles que haviam se deslocado de Brasília, do Rio de Janeiro, de Curitiba e de São Paulo.

A impecável organização conduziu-nos a um hotel na cidade e nos forneceu as instruções necessárias para a permanência na guarnição até a nossa partida. Foi a oportunidade de reencontrarmos companheiros de Porto Alegre que haviam se deslocado de ônibus para Santa Maria.

Momentos mais tarde, era chegada a hora! Os clarins anunciavam a presença das mais altas autoridades, General De Nardi e General Leite, e a eles foram prestadas as honras militares. Palanque principal, em frente ao Mausoléu do patrono, lotado, assim como os palanques laterais e as arquibancadas.

Inicialmente, o pungente toque de silêncio dos clarins prestou homenagem a todos os heróis que tombaram nos campos de batalha.

A penumbra ou lusco-fusco no pátio e arredores não permitia que se descortinasse a representação a que em breve se assistiria. Surge o oficial que representaria Mallet, cavalgando junto com o seu Estado-Maior, preocupado, às vésperas da Batalha de Tuiuti, com a posição que ocuparia. Determina a construção do fosso. Reza com a tropa. Aguarda ansioso o ataque iminente. E ele vem. A primeira carga da cavalaria paraguaia surpreende-se com o fosso e ali fenece. As cargas sucessivas conhecerão a artilharia-revólver de Mallet! Com a atuação da infantaria de Sampaio e da cavalaria de Osorio, a vitória em Tuiuti foi assegurada.

O tempo avança. O campo de batalha agora é o Teatro de Operações da Itália, onde a artilharia prestou não só o apoio de fogo à arma base como a transportou,acompanhando o Esquadrão do Capitão Pitaluga, para cercar a divisão inimiga. O observador avançado faz um pedido de tiro, a bateria em deslocamento ocupa posição e, em pequena fração de tempo, está pronta para neutralizar a ação inimiga. A representação entra no modo pausa! Suspense na plateia! O locutor anuncia: o fogo será comandado por um artilheiro febiano presente à cerimônia. Aribides Rodrigues Pereira, amparado em seus passos vacilantes da idade avançada por um jovem oficial, aplaudido pela assistência, comanda com voz firme: FOGO! Missão cumprida, inimigo neutralizado! Assistentes em êxtase cívico com aquela presença de um homem que lutou pela democracia em terras estrangeiras distantes e contribuiu para o fim da ditadura Vargas no Brasil!

O foco retorna para o patrono. Aproxima-se uma pequena charrete, transportando três cadetes do 4º ano do Curso de Artilharia da AMAN, um deles portando a espada de gala do Mal Mallet, que será colocada em pedestal no interior do Mausoléu. As autoridades e os descendentes de Mallet depositarão uma corbeille de flores junto à urna dos restos mortais do Marechal e sua esposa que ali repousam. Silêncio absoluto. Os clarins marcam a presença do Marechal. Haja emoção!

E elas serão vividas com mais intensidade ainda, como se isso fosse possível. Todos os artilheiros presentes, da ativa e da reserva, de todas as idades, jovens alunos do Grêmio de Artilharia do Colégio Militar de Santa Maria, adolescentes do Centro de Preparação da Reserva de Porto Alegre, todos perfilados junto aos chefes militares de ontem e de hoje, aguardando o toque de sentido e o ordinário marche! E desfilam garbosos, alguns sentindo o peso da idade, apoiados mesmo em suas bengalas, mas exuberantes, a despeito das dificuldades físicas que os anos lhes impuseram! Mas, a garra supera e suplanta tudo!

Todos os presentes são convidados a cantar com a tropa a Canção da Artilharia! Urra, urra, urra! A garganta começa a falhar! Será a friagem de Santa Maria da Boca do Monte? Será a emoção do velho coronel? Aguenta, coração!

Desfila garbosa a tropa! A Bateria Histórica cadencia seus 80 passos por minuto com a canção! Relembram o passo tardo, imposto pelas compridas e pesadas perneiras de couro com guarnições metálicas presas às pernas, utilizadas em campanha em virtude das características do terreno no campo de batalha, quase sempre em associação às condições climáticas e meteorológicas adversas. Vem daí o apelido Boi de Botas!

Assiste-se a seguir a uma demonstração de ordem unida sem comando, com execução perfeita, mais uma comprovação da qualidade do soldado brasileiro, quase sempre recruta, mas que, com pouco tempo de quartel, instruído por competentes e dedicados oficiais e sargentos, ombreia-se aos melhores soldados profissionais do mundo.

O desfile hipomóvel e motorizado transcorre como se entrássemos numa máquina do tempo. Do canhão La Hitte da Campanha da Cisplatina ao obuseiro autopropulsado 155 viajamos no tempo em que a ordem de pegar a palamenta pode ser executada com maior ou menor dificuldade para o artilheiro servente de peça. Haja reminiscências!

Findo o desfile, quando todos achavam que a cerimônia militar estava encerrada, eis que mais emoções e surpresas estavam reservadas. Reuniram-se os participantes da atividade, envergando os variados uniformes, e unidos ombro a ombro marcham em direção à plateia. À frente da tropa, o oficial que representava Mallet declamava o poema " Se ", repetido por todos, incluindo a assistência. Era o "grand finale" do emocionante espetáculo ali representado naquela noite.

A corretíssima confraternização social que se seguiu teve seus momentos de tradição e cultura, como o brinde com água nas taças; e emocionantes encontros e reencontros de antigos camaradas, como aquele que reuniu algumas gerações de instrutores e alunos do Curso de Artilharia da AMAN no início dos anos 80 do século passado. Em torno do General Muniz, instrutor-chefe do curso, reuniram-se antigos instrutores, oficiais do gabarito de Ururahy, Emílio, Minussi, Vaz da Silva, Prisco, Mourão e Cabral, além deste que vos escreve (desculpe se esqueci alguém) e muitos dos cadetes de então, alguns, já na reserva, outros, oficiais-generais da ativa, dando continuidade aos valores e tradições que lhes foram transmitidos nos bancos escolares das salas de aula do parque de material, nas escolas de fogo da Barragem, nos inúmeros exercícios de reconhecimento e ocupação de posição no campo de instrução. O Exército de ontem, de hoje e de sempre!

O sistema do apoio de fogo proporcionado pela artilharia é relativamente simples e imutável com os tempos. Ele pode ser desmembrado em subsistemas desde a identificação e aquisição dos alvos a serem batidos, sua correta localização, a transmissão dos dados, os cálculos necessários a neutralizar a ameaça, qual a maneira mais eficaz e eficiente de fazê-lo, a execução do tiro e a avaliação dos danos. A inventividade do ser humano proporcionou a evolução tecnológica da cadeia acima mencionada. A artilharia brasileira nunca esteve atualizada com o que de mais moderno existia, mas os artilheiros sempre foram suficientemente capazes de estudar a teoria que move esta engrenagem de forma a, quando necessário, adaptar-se ao material recebido e cumprir a missão.

A transmissão destes conceitos, alicerçados no sadio ambiente de camaradagem e amizade cultuados no dia a dia das nossas unidades e das nossas atividades, valores e tradições característicos da profissão militar, é uma missão que cabe a todos nós, diariamente. Reuniões, como a proporcionada pelo Regimento Mallet, na figura do seu comandante, Ten Cel Carlos Marcelo, e seus comandados estimulam todos nós. Parabéns!

Missão cumprida!

O texto acima foi escrito no Rio de Janeiro, em 18 de junho de 2015, pelo Coronel Reformado da Arma de Artilharia do Exército Brasileiro Marco Antonio Esteves Balbi da Turma Jubileu de Prata - 1969. Instrutor do Curso de Artilharia da Academia Militar das Agulhas Negras nos anos de 1979/1980/1981, os dois primeiros sob o comando do então Major José Evandro Sombra e no ano de 1981 sob o comando do então Ten Cel Luiz Seldon da Silva Muniz.

Este texto foi revisado e aprimorado pelo meu chefe e amigo General de Divisão Ulisses Lisboa Perazzo Lannes a quem agradeço.{jcomments on}

Pequeno Dicionário 3M

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Sem piscadela de olho sequer, acompanhei a sessão do STF que dispensou autorização prévia para publicação de biografias. Terminada a votação, espírito inquieto, eu tremia feito cadete na SIEsp tamanha emoção me consumia.

Não pretendo desvendar intimidades de artistas, políticos ou celebridades em geral, aos quais basta a curiosidade midiática, mas a decisão decerto me liber­tará aos poucos de Dom Obá III, que na sua imaterialidade irresponsável sem­pre esteve ao arrepio da Justiça para dizer e escrever, sem restrição, o que lhe viesse à cabeça.    

Confiante de estar a salvo de processos judiciais, dispus-me a  anunciar este arremedo    inaugural de pequeno dicionário, talvez ensaiando futura (s) bio­grafia (s).

A

Ângelo, de Azevedo Costa. Sin: KbçA. Um dos memorialistas-chefe da TuMMM. Capaz de recitar à capela o nome completo, filiação, endereço e da­dos peculiares de desligado no período de adaptação da AMAN, graças ao seu prodigioso HD natural. Só ainda não conseguiu fazer o Louvera comparecer ao CMPV. Ver Brito, Velho Brito.   

Araújo, Renato Lemos de. Sin: Renatinho. Líder do famoso trio Garotos JF, vez por outra na BR-3 rumo Praia Vermelha para alucinar o circunspecto Pimpim. Integrante mais charmoso do Esquadrão/72 arrasa no estilo easy-rider, motos voadoras, blusões de couro italiano e irreverência contagiante. Ver Cappellano e Domingues, Paca.   

Ayrton, Maria Buna Cardoso. Sin: Arataca, Arataquinha, Barão VO-ador. Lança­do pelo MS São Miguel Arcanjo na ZL de São Luís-MA, em 23 de maio de 1948, para doravante coordenar as celebrações do Dia da Infantaria. Ícone pqdt, sím­bolo da alegria de viver, morador feliz do Recreio.  

B

Baciuk, Paulo. Sin: Lora Rep, BacI, Cossaco de Curitiba. Antigo agente da KGB infiltrado no Esquadrão, autor de inesquecíveis incursões matinais contra o Paca, o Frafri e demais confrades na Ala de Osório. De enorme periculosidade, dissimula-se na aparência e sorriso joviais. Profundo conhecedor do idioma rus­so, suspeito de encarnar alterego czarista.

Benzi, Odilson Sampaio. Dada a magnitude do seu cargo atual, nem Dom Obá III, temente aos tribunais militares apesar da liberação do STF, se arrisca a pre­encher este verbete. Alto dignitário da Turma.    

Bernardes, Sérgio Perdigão. Sin: Bactéria, Cap Garance, Bac, Bac do Capão, Bac do Flu, Bac do Milênio. Recordista acadêmico imbatível na modalidade FO, aparentemente convertido ao respeitável Sr Bernardes contemporâneo.  Eterno muso inspirador do presidente da ABL que lhe consagrou heterônimo recente no uótisape.  

Barcellos, Itamar Teixeira. Sin: Boita, Dr Boita, Gaudério de Passo Fundo. Ex­poente típico do pampa visceral, carioca assimilado, enfrenta influências cul­turais conflitantes. Ora Che, ora Cara, seu coração balança da faca na bota ao abraço apertado. Consta ter carregado Bardo Cléo nas costas, durante doutora­do na ECEME.     

Breide, Newton Álvares. De Bagé. Meu dileto amigo de rancho, exímio atira­dor de fuzil, pistola, granada ou bola de gude. Já o vi acertar latinha distante a dezenas de metros com simples arremesso de pedra. Simboliza resposta ele­gante do Esquadrão aos que insinuam ser o melhor cavaleiro não-cavalariano. Alto dignitário da Turma.      

Brito, Milton Carpena de. Sin: Velho Brito. Divide, ao lado do KbçA, os encar­gos de memorialista-chefe da Turma. Solícito e prestativo habitual interrom­peu ligação com Dom Obá III ao ser indagado sobre os palpiteiros da Portaria 190. CEO da extensa rede MMM de comunicação – site, e-mail, uótisape, blogs e redes sociais variadas.          

C

Capellanno, José Carlos. Um dos Garotos JF, o trio das Alterosas que incendeia as reuniões da Pioneira/RJ. Sofre com o Renatinho, principalmente no retorno a Juiz de Fora. Ver Domingues, Paca e Araújo, Renato.    

Cid, Silveira. Sin: Tiziu, CidPrec, Steve McQueen, Campeador Soteropolitano. Pqdt afamado, atleta renomado, estudante FV/FE no CM historicamente associa­do ao Mafú na avaliação somativa  do internato/CMRJ. Morador ilustre da Boa Terra.  Amigo dileto do Barão. Ver Ayrton, Arataca e Derré, Mafú.   

D

Dal Bello, Júlio César Rodrigues. Mais brilhante Cad 643 da história.  Destaca­do infante, jogador de basquete, pqdt audaz e professor emérito da UFF, onde há décadas leciona. Estimado embaixador plenipotenciário da Bda Nichteroy nas tertúlias mensais do Portal Mágico.    

Derré, Claudir D Torres. Sin: Mafú. Estudante aplicado, no internato do CMRJ foi de crucial importância para o prosseguimento na carreira das armas do Ara­taca, do Tiziu e de uma malta de FV que lhe atemorizavam nos bancos escola­res do ensino médio. Ver Ayrton, Arataquinha, e Cid, Tiziu.   

Domingues, Marco Aurélio Bastos. Sin: Paca. Maior mau humor matinal da Ca­valaria desde Gêngis Khan, superando inclusive o Gen Patton. Aberto o PDR às dez, impressionante mutação transparece no seu sorriso amistoso e trato afá­vel, mesmo a antigo carrasco de estimação, a  Lora Rep do Esquadrão.  Garoto JF, aguenta firme  as travessuras de Renatinho, o Terrível. Ver Araújo, Renati­nho; Baciuk, Baci, e Capellanno.      

Submisso ao espaço e paciência de parcos leitores, interrompo aqui este pro­jeto libertário de livre expressão do pensamento, aberto a críticas, complemen­tos e sugestões.  

Alerto aos descontentes não recorrerem a eventuais processos judiciais, apa­lavrado que estou com o  Dr Lobo Moneró para blitzkrieg forense de letalidade inédita, exibindo o jurista insular experiência notável em causas castrenses.  

Afinal, como resumiu a ministra-relatora do STF no seu parecer – “O cala a boca acabou”.

Rio de Janeiro, 13 de junho de 2015

Cad Cav 1039/72, Nilo, atento à Justiça e a Dom Obá III.{jcomments on}

Fundação Osório

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(Re)conheci a Fundação Osório nesta manhã, e de lá saí animado a divulgar este testemunho. O Salgueiro, Artilharia-73, caro amigo dos tempos de Centro de Estudos de Pessoal e Diretor-Presidente da Fundação desde 2012 já me con­vidara, eu sempre adiando presença por força de atribuições funcionais na SIP/Copacabana. Hoje, aniversariando o Educandário nos seus noventa e qua­tro anos, me abalei até o Rio Comprido para as atividades comemorativas, fato suficiente para apregoar o trabalho ali desenvolvido.

Retido no atendimento ao público, adentrei a área da programação central já terminando a formatura. Quando os acordes da banda ainda ecoavam, postei­-me a observar o transitar dos alunos em direção aos pavilhões escolares e ao refeitório de onde seriam liberados para as suas residências. Dava gosto. Meni­nos, meninas e adolescentes nos uniformes alinhados, luvas brancas impecá­veis, externavam imagem de alegria, disciplina, respeito e civilidade que  re­metia a idos de uma educação pública de qualidade inquestionável. Dispen­sava-se bola de cristal ou estudos sociopedagógicos diante daquelas simples, porém notórias manifestações associadas a valores de enriquecedora formação cidadã.  Seria apenas o começo.

Recepcionado pelo Salgueiro e seu dinâmico Subdiretor, o Souza Oliveira, Arti­lharia-76, reencontrei amigos queridos que me alegraram observando-os sau­dáveis e dispostos, alguns trabalhando na própria Fundação. Dos já sabidos, o Meirelles e o Melquíades, de 72, o Carvalho, de 75, recentemente contratado; ex-integrantes do CEP, o Bismarques, QCO, e os Sargentos Gustavo e Sales, este ainda no serviço ativo. Conhecendo a excelência profissional dos assesso­res mencionados, logo vislumbrei neles importante sustentáculo da gestão exi­tosa atual.

Localizada no interior de uma área preservada da Mata Atlântica, a Fundação encanta na paisagem integrada à arquitetura neocolonial de construções cen­tenárias, pé-direito alto e amplos espaços muito bem cuidados. Num deles, o prédio do Liceu, assistimos emocionante exibição de meninas do ensino funda­mental interpretando belas canções a homenagear os quatrocentos e cinquen­ta anos da cidade do Rio de Janeiro. Bem mereceram, e a professora-regente, os intensos aplausos da plateia.      

Encerrada a apresentação, no trajeto ao refeitório observamos outras depen­dências do Liceu, capela e demais instalações de salas de aula, todas em exce­lente estado de conservação.  Visível se mostrava a satisfação de funcionários ratificada no expressivo grupo de ex-alunas   em contentamento inequívoco, na revivência ligeira de ternas e marcantes amizades.       

Em meio à conversa informal, durante excelente lanche servido, aprendi que a Fundação ora congrega cerca de mil e duzentas pessoas, das quais oitenta e quatro professores e novecentos e sessenta e um alunos. Parte dos recursos ar­recadados provém da consignação voluntária em contracheques de militares do Exército, ativos e inativos, ignorando a Fundação os valores individuais des­contados pelo Centro de Pagamento do Exército.     

Despedidas em marcha, me  assomou a célebre frase – “Deus está nos deta­lhes”- recorrente no curso de minha breve permanência no local. Nos pequenos grandes  pormenores do vaivém estudantil, na musicalidade de jovens talentos e abnegação da professora, no acumpliciamento de colaboradores às realizações e sonhos dos gestores, se pressente o sopro divino a empolgar, nesta quadra da sua existência, o Educandário da Rua Paula Ramos 52.  

Alma leve e rejuvenescida, saí de lá mais confiante no triunfo dos bons propósi­tos e do empreendedorismo saudável. Sempre resta a esperança de um mundo melhor quando vivenciamos experiências como a da visitação que fiz nesta data

Parabéns ao Diretor-Presidente, Coronel Salgueiro, sua digníssima equipe de colaboradores e os jovens alunos do modelar estabelecimento de ensino, honra da educação e do Exército Brasileiro na eminente figura do General Osório.

Vamos colaborar?        

Viva a Fundação Osório, noventa e quatro anos formando cidadãos!


Rio de Janeiro, 01 de junho de 2015

Nilo Paulo Moreira- Cel Cav 72.{jcomments on} alt



“Um porquê de o Exército não adotar o guarda-chuva”

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“O militar é superior ao tempo”. Esta é uma expressão há muito ouvi­da dentro da caserna, e é comum referir-se a ela para estimular a tropa, quando atingida pela chuva, na execução de qualquer atividade. E surte mui­to efeito.

Mas não há outro jeito, pois desde GUARARAPES, passando por CAXI­AS, aos dias atuais desconhece-se registro proibindo ou permitindo ao militar do Exército proteger-se da intempérie com um guarda-chuva. O consagrado por muito tempo foi o “em caso de mau tempo, Hinos e Canções na SI da SU”, assinalado nos QTS, desde que o mau tempo fosse chuva.

A não adoção de um guarda-chuva é o fato tão marcante que nem chegou a ser cogitada. Assim, numa consulta ao extinto verde RUPE (Regula­mento de Uniformes do Pessoal do Exército) percebe-se, desde o anuncio de sua vigência, a não referência sobre o tema. A situação perdurou durante a existência da CONFARDEI (Sic) e, também, não mereceu nenhum exame por ocasião da criação do RUE (Regulamento de Uniformes do Exército) que pro­porcionou à Força Terrestre uniformes mais confortáveis e elegantes, a seme­lhantes aos uniformes usados por militares do reconhecido “primeiro mundo”, mas com a recomendadas restrições à água.

Os paliativos ficam por conta das capas de plásticos ou náilon e dos ponchos V.O com demonstrada pouca impermeabilidade, ou, algumas vezes por um “bizonho Azambuja” utilizador de outros materiais e técnicas de apro­veitamento não muito usuais e, por isso, abominadas por quem as presencia.

Então, por que o EB jamais adotou um guarda-chuva verde oliva? Mui­to além da preocupação de cair num precipício ridículos, verifica-se a visão sábia de evitar-se uma montanha de situações delicadas e, na maioria das ve­zes, complicadas.

A existência do guarda-chuva V.O ressuscitaria, de imediato, o outrora bem assimilado “método PAYET”, aquele mesmo seguido para estudar o FM MADSEN. 30 e o Rv Cal.45 SW, cujo teor, para aquela peça, pode ser imagina­do:

1.O Guarda-Chuva V.O divide-se em cabo com prolonga; guarda-chu­va propriamente dito; e ponteira.

2. O cabo pode ser de baquelite, madrepérola, osso ou outro qualquer sucedâneo. A prolonga sempre será de metal para conter os mecanismos de acionamento.

3. O guarda-chuva propriamente dito divide-se em varetas metálicas articuladas; terminais metálicos; cursor; tecido; contentor; e presilha.

a.O tecido poderá indicar o posto ou graduação de quem o conduzir.

4. A ponteira será de material igual ao cabo”

Um manual seria, prontamente, criado. Nele, dentre outras informa­ções com certeza, constariam.

a. Modos de condução (todos com a mão direita)

  1. Fechado

    1. À semelhança da bengala

  1. Distendido ao longo do braço direito com a ponteira pra cima.

  2. À moda Bat Masterson, girando em círculos ao longo do braço (recomendando para os mais experientes e antigos)

    1. Aberto

    1. Apoiado no ombro direito num ângulo de 76º, sendo empunhado pelo cabo com a mão direita.

b.Formas de acionamento (ou avanço do sistema)

   1) Para o guarda-chuva manual:

Empunhe-o com a mão direita, estendido no prolongamento do braço, a um ângulo de 38º. Com a mão esquerda, solte o contentor da pre­silha, para ter acesso a prolonga. Com o polegar, ainda da mão esquerda, comprima o retém inferior do guarda-chuva para que ele se aloje no seu re­baixo, force o para frente, até que ele consiga abaixa o retém superior. As va­retas metálicas articuladas armarão o tecido que este soldado a elas pelos terminais metálicos.

2) Para o guarda-chuva automático

Execute as mesmas operações para que possa ter acesso a prolonga. Com o polegar da mão direita comprima o botão serrilhado existen­te neste modelo. Todas as operações realizadas automaticamente até o com­plemento acionamento”.

Daí, então, tudo dentro do EB teria de adaptar-se para o controle, a manutenção, a administração e a coordenação do novo material.

O primeiro documento a ser modificado seria o material C21-30 (o das abreviaturas) para nele serem inseridas algumas siglas causadoras de fu­ror nos mais “milicosos”. Como por exemplo, citam-se:

- Gda Chu VO Mod 94 Aut ________ Guarda-Chuva verde oliva 1994, automático;

- Term Met _______ Terminal metálico;

- Var Met Art ________ Vareta metálica articulada;

- Bot Ser ______ Botão serrilhado;

- Ret Inf Gda Chu VO _______ Retém inferior do guarda-chuva verde oliva.

Nessa toada, conclui-se, sem pessimismo, sobre a necessidade de uma revisada na totalidade dos regulamentos e outros manuais. Basta imagi­nar-se continência com ou sem Gda Chu; movimento de cobrir com ou sem Gda Chu; guarda do quartel com Gda Chu; Toque de corneta para tropa com Gda Chu. Seria um horror!

As Unidades teriam de ser dotadas de uma nova dependência por SU; a Reserva dos Guarda-Chuvas. Por conseqüência, os QO receberiam mais uma função: a de Cabo da Reserva de Guarda-chuva (ou Cabo Guardachuvei­ro, à semelhança do armeiro). O Cb Res Gda Chu seria homem de confiança, com muito fácil acesso ao seu comandante, permitindo presenciar-se, com freqüência o seguinte dialogo:

- “Cap! Posso dar um banho de sol nos guarda-chuvas? Eles já es­tão precisando”.

- “Pode, mas fique de olho por que o tempo não esta muito firme e não é bom molhar esses materiais”.

Uma nova dificuldade seria o porte para a utilização, pelo militar. Para fins de uniformização, teria de haver uma determinação em Boletim In­terno: “2ª Parte – INSTRUÇÃO – USO de Gda Chu VO – Determinação. Conside­rando o período chuvoso que se aproxima, determino o porte obrigatório do Gda Chu Vo por todos os militares deste Grupo, nos deslocamentos de e para o quartel”. E lá se via o “milico” como o sol a pino, com seu protetor de chu­va, sendo transportado fechado por um daqueles três “Modos de condução”, porque a chuva não caiu. O efeito contrário, também, seria observado: chuvas torrenciais, mas como não houve determinação no Bol Int, o militar continuaria a ser superior ao tempo.

Adotado o Gda Chu VO, ele abriria portas para os inventores criati­vos de plantão. Surgiriam idéias sobre o Gda Chu 10 Pr. Especial para o GC, mas acarretando o aumento de um homem naquela fração: o Sd Porta Gda Chu 10 Pr. Evoluções para Gda Chu Gu Pç 105 mm ou Gda Chu Sec Mrt seriam patéticas.

Os mais belicosos enveredariam pela utilização como arma, tam­bém, enlevando-se com a Gda Chu VO 7,62 mm ou Gda Chu Lç Rj 3.6, sendo este descartável.

A situação se complicaria com os saudosistas: corda-tronco para os Gda Chu; linda de Gda Chu; ZR1 Gda Chu, etc...

Todos esses raciocínios, colocados em pratica, causariam um refle­xo na tática, na estratégia e na administração, aumentando as atividades dos B Log e Pq Mnt, pois para a simples descarga de um Gda Chu, teria de ser no­meada, antes, uma comissão “parruda” para elaborar um IT ou PT, visto que num primeiro exame o Gda Chu seria composto de materiais da gestão da Sec CI II (tecido, presilha, contentor); da Sec Sup CI VI (Var Met Art, Bot Ser, Cursor, Rer Inf, Ret Sp); da Sec Sup CI V (lembremos do Gda Chu 7,62 mm e outros).

Agora imaginemos o suprimento: as RM, para serem privilegiadas, apresentariam seus chorosos argumentos aos Departamentos – vale lembrar o envolvimento de pelo menos dois: o DLog e o DGP (Cb Res Gda Chu).O CO­Ter seria fustigado pelos Cmdo Mil área para os casos do Gda Chu 10 Pr ou dos Gda Chu Pç 105 mm. Estes por sua vezes acionariam o EME por intermé­dio de estudos e relatórios minuciosos, apreciados pelas suas 4ª e 6ª Subche­fias.

O parecer final seria ato de assessoramento do Gab CmtEx. Sua proposta, de imediato seria uma reunião exclusiva com ACEx, para ser tratado o assunto sem ter necessidade de ela ocorrer em região e dia chuvosos.

É o Exército é sábio! Jamais cogitou em dar atenção à necessidade ou não de dispor de um material, também, apropriado e útil ao militar para se defender de alguns “respingos”. Quando fosse chamado por um superior, para ser admoestado, bastante, para tanto, uma especificação da autoridade se ele deveria comparecer com aquela peça de proteção.

Resulta daí que o militar, com o tempo, passou a ser superior a quase tudo, e é salutar assim permanecer.


Devaneios do Cel R/1 Carlos Alberto de Morais Rocha (AMAN/1969), desde a época de 2º Ten – 1970 – revelados em pequenas rodas de amigos da caserna e só agora sendo mais difundidos.{jcomments on}



AUFTRAGSTAKTIK

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   “Auftragstaktik. Corresponda-se com meus contatos!” No bilhete imperativo e enigmático, Dom Obá III saiu de cena pós SSIP-Express, tabloide de sua iniciativa solitária para atualizar a MMM em assuntos da reserva (in) ativa.  Há dias em lugar incerto e não sabido, transferiu-me à revelia a tarefa de substituí-lo na redação de proclamas. 

   Dom Obá surpreende. Geralmente cordato, torna-se irascível em determinadas condições de temperatura e pressão, sobretudo ao perceber-se incompreendido nos propósitos altruístas. Desconfiado das motivações do sumiço intempestivo, vasculhei alfarrábios para capturar-lhe as ideias e melhor cumprir a ingente missão rabiscada em papel de pão.  

   Auftragstaktik... auftragstaktik... a sopa de letras cabalística ecoada como um mantra me intrigava. O que significaria, se é que havia significado nela? Quase a consultar  Baci, o Cossaco de Curitiba expert em dialetos eslavos, decidi encarar o desafio.

   Sucediam-se indícios, evidências se afirmavam. A cada minuto da pesquisa descerrava o pensamento intrincado do nobre daomeano. À margem de correspondência recente anotações reveladoras, das quais transcrevo algumas, malgrado eventuais retaliações desavisadas ao mote – “o que Dom Obá escreve, já prescreve”-, lavratura dele para desestimular processos judiciais e vendettas sanguinárias.         

   “Expus três queridos confrades à execração pública sem maldade, para incentivá-los a rever fundamentos comportamentais de questionamentos pueris. Ao legítimo mestre stricto sensu em aplicações militares não se concede o direito a dúvidas tão subalternas. Fui duro, bem sei, mas tenho certeza de que entenderam a reprimenda pedagógica.” Ops, espicaçaram a severidade castrense de Dom Obá, imaginei.

   “Contestou-me companheiro dileto, iludido por fonte não confiável. Indagado, guarda mutismo cúmplice ao palpiteiro informal.  Só o benefício da dúvida de não ter recepcionado a tréplica atenua o endosso dos informes F-6. Ora, bolas!”  Putz, transparece irritação crescente  mormente por se referir a mestre (doutor?) em aplicações hi-tech militares. Prossegui temeroso.    

   Descartado indiscutível progresso na prospecção, persistia o enigma Auftragstaktik.  Desvendá-lo me angustiava mais e mais, até que no acaso das melhores descobertas, o fio da meada. Em meio às mensagens, a de prestigiado pesquisador musical rebrilhava: -“confesso que eu não soube preencher todos os dados exigidos nas fichas. Acredito que outros “humanos” como eu devem ter ficado na mesma situação, assim sendo solicito uma luz.... Não me recordo de ter feito Monografia na EsAO.(alemão chegando???)”.  Comentário irado:

   “ É inadmissível que suposto mestre militar se confesse incapaz de preencher simples formulários informativos. Moltke, o Velho, ao invés de reajustar  rebaixaria os seus proventos ao percentual elementar. Descompromissado ao extremo, desconhece se elaborou monografia. Jamais incorporaria um Rowan, da Mensagem a Garcia. Assim, não dá!”. O caldo entornara de vez.     

 Todavia o clarão da revelação emitia sinais otimistas. Moltke ... Rowan ... mensagem a Garcia ... a tradução do misterioso writ do alterego rondava na memória antiga de Damerran Smith, o Venerável.

   Se bem recordo das preleções noturnas do ícone 4C, nas baias do Esquadrão, Moltke, o Velho, Marechal e emérito pensador militar alemão, liderou a reforma doutrinária do exército prussiano no século XIX. O cerne da renovada doutrina consistia, e consiste, na larga iniciativa operacional dos quadros a partir da “missão pela finalidade” da gloriosa Cavalaria.  Eureka!  É a Auftragstaktik, gritei emocionado.

   E Rowan? Na guerra hispano-americana, em 1898 o Presidente dos Estados Unidos, William McKinley, precisava urgentemente contatar o General Calixto Garcia Iñiguez, chefe revoltoso encastelado em local de difícil acesso no interior de Cuba. Esgotava-se o tempo. Até voluntariar-se o Tenente Rowan -  decerto Cavalariano - que recebeu do Presidente a seguinte ordem: -“Entregue esta carta ao General Garcia”. Mais nada, sem explicação ou questionamento. Quatro semanas depois, missão cumprida, Rowan retornava são e salvo.     

    Afinal interpretara a intenção do africanista, do mandamento explícito ”o que fazer” ao “como fazer” implícito da iniciativa própria, graças à compreensão da identidade conceitual entre  Auftragstaktik, mensagem a Garcia e missão pela finalidade.

    Apesar de tudo, o coração sensível deste escrevinhador anistia de insurretos a questionadores desamparados. Assim, na próxima reunião CMPV da Turma – 05 ou 12? – distribuirá requerimentos e fichas para obtenção de diplomas de “mestre stricto sensu em aplicações militares”, junto à EsAO.   Aos mais interessados, como o Dr Chaves Machado, adicionará a GRU impressa, para isso bastando ligação antecipada.           

    “Mais realizadores, menos questionadores”. Esta, a anotação derradeira de Dom Obá III.

     Auftragstaktik!!!

Rio de Janeiro, 31 de maio de 2015.

Cad Cav 1039/72, Nilo, no impedimento de Dom Obá III.{jcomments on}