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VIVE MAIS QUEM BRINCA MAIS

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  Francis Albert Sinatra - The Voice - completaria cem anos em 12 de dezembro passado, com revival festivo a personagem estelar do século XX. Mr Frank levou vida esplendorosa: namorou mulheres estonteantes, curtiu o que a grana poderia oferecer de melhor, consagrou-se como ator, ascendeu a ícone imorredouro no Olimpo musical planetário.

    Contratempos? Encarou-os de fato, destacando-se ligações mafiosas e o casamento com a deusa Ava Gardner que quase o diplomou suicida ante a sua (dela) irrefreável paixão pelo toureiro espanhol Dominguin. Idos românticos, quando era moda ter saudade ou sofrer por amizade.       

    De festival marcado por (re) lançamentos de discos, filmes e publicações, inclusive o tomo final de densa biografia, o jornalista Ruy Castro se animou a perguntar: onde foi parar a famosa coleção de trenzinhos de Sinatra? Fez-se mistério, dias depois desfeito porque continuava onde sempre estivera – na mansão da Califórnia – revivendo expressão dos Ol`Blue Eyes: - “quem morre com mais brinquedos ganha”.     

    Sinatra, nascido em Nova Jersey, filho de imigrantes italianos, na fantástica coleção que ocupa um salão inteiro da enorme propriedade vingava infância difícil, por surreal que pareça: um sujeito capaz de comprar o que a maioria dos mortais adoraria possuir atribuía a brinquedos – fabulosos – compensar frustrações de menino pobre. Pensando bem, tinha lá suas razões: quem não guarda penduricalhos de estimação, símbolos existenciais talvez fadados ao desaparecimento logo consumadas inexoráveis viagens aos Campos Elíseos?  

   Daqui a séculos, terráqueos, marcianos e selenitas apreciadores de música clássica  se deliciarão a ouvir Night and Day, Come Fly with Me, All My Tomorrows e centenas de interpretações do eterno mito ítalo-americano. Quanto a nós, caro leitor, até quando sobreviveremos na memória das gentes, materializadas subidas ao andar de cima?

    No meu trabalho incentivo viúvas e filhas a preservarem – no mínimo - as alterações militares de maridos e pais, autênticos arremedos biográficos reveladores de inclinações, experiências e desempenhos profissionais. Em casa, dou tratos à bola para prolongar a influência familiar – ou sobrevida – de valiosos alfarrábios: discos queridos, reescutados sempre; livros raros, às vezes relidos; camisas do Vasco, jamais usadas; o mote original da canção do 15 R C Mec, fotografias e objetos variados, além de espada levemente curvada – por obra e graça de quadrúpede cavalar reverencial a arquétipos da arma montada.

   Obviamente, cada cidadão lega os seus próprios trenzinhos nem sempre embalsamados devido a imposições de espaço físico, desígnios parentais ou metafísicos – afinal há quem deteste esbarrar em finados cultuados no dia a dia doméstico.   

   Entre Platão e Luís XV corações balançam inseguros.     

   Filosóficos, pouquinha coisa, tendem a respaldar-se no ideário platônico da imortalidade anímica para imaginarem possuir cadeira cativa neste mundo de questionamentos irrespondíveis. No canto oposto do ringue, cartesianos duas categorias acima encampam a praticidade cômoda do absolutismo mental, finalizando elucubrações cansativas: “depois de mim, o dilúvio”.    

   Nem otimista ou pessimista demais, na dúvida recorri a letras de sucessos do garoto de Hoboken - e bastou lembrar a de Young at Heart : -“ Contos de fadas podem  realizar-se e acontecer se você for jovem no coração ... não importa riqueza, é muito melhor ser jovem no coração... e se você viver até os 105, pense em tudo que gerar, fora estar vivo...e aqui está a melhor parte, você começou bem se estiver entre os jovens no coração”.     

    Valeu Sinatra. A arte de viver, uma grande brincadeira, requer alegria, humor leve e gentileza para ter sucesso e duração. Corações jovens aguentam trancos melhor, e ouso alterar a sua frase – “quem morre com mais brinquedos ganha”:   

   Vive mais quem brinca mais!

   Brincadeira viu? ... Seu Francisco Alberto.


Rio, 24 de março de 2016.

Dom Obá III, night and day flying to the moon.{jcomments on}

ETERNOS HERÓIS FIDALGOS

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Atribuir o forte espírito de corpo dos paraquedistas militares a meros clichês reforça  suposições apressadas. Reconhecer e admirar o peculiar entusiasmo dos guerreiros alados anima o imaginário dos exércitos ao redor do mundo, desde o emprego original de tropas aeroterrestres, em bases maciças, na 2º Guerra Mundial, berço da mística gloriosa desses Ícaros surgidos dos céus para surpreender – como me surpreenderam na sexta-feira, 11 de março.      

   Na semana anterior, os coronéis Pellegrino e Amilcar convidaram-me para encontro no Clube Militar, na data citada, coincidindo confraternização no Posto Copacabana da SIP/1 e reunião da 3C, no mesmo local, três eventos imperdíveis. Egresso no curso da dita confraternização, adentrei a sede da Lagoa a tempo da Canção da Cavalaria e de rever companheiros diletos, em choques de estribos típicos à alma cavalariana, heroica e forte. Finda a tradicional CCC – Cavalo, Cultura e Competência -, rumei ao almoço da Brigada dos Afonsos.     

   Ao longe, ecos musicais prenunciavam a efervescência da verdadeira ZL instalada no andar superior, onde descerrado cenário festivo refulgia subgrupo de nuances institucionais insuspeitas. Da intensidade notória do orgulho de afiliação, atual ou pretérita aos quadros aeroterrestres, seria redundante discorrer tamanha a expressividade daqueles mais de cem presentes – oficiais e praças - irmanados através da energia de experiências comuns, amor ao Exército e à inesquecível Brigada. Da amizade, símbolo maior da coesão, emanava componente visceral ao espectro de valores formativo do espírito de corpo fantástico. Mas algo pairava no ar além dos velames da fraternidade indestrutível e da aura exclusiva aos afilhados de São Miguel Arcanjo: a fidalguia sincera e desinteressada.  

     Ao chegar, acorreram companheiros a cumprimentar-me em festival de gentilezas advindo, sem dúvida, de generosa conformação do etos paraquedista. Eu, cavalariano humilde, pé preto transitado em julgado, percebi-me logo à vontade tal autêntico cultor das lanças cruzadas, nas baias ou garagens de esquadrões celebrando conquistas e vitórias. No palco, os acordes agradáveis executados por músicos da Brigada alegravam o ambiente já animado por reencontros, apresentações e demonstrações de camaradagem intensa. 

   O céu de brigadeiro da tarde amena inspirava lançamentos na memória afetiva, que a exibição de breve filmete sobre cerimônia de brevetação recente acirrou e transportou-me a idos longínquos, quando imaginei integrar uma daquelas formaturas de simbolismo marcante. Em 1975, ainda segundo-tenente, após cerca de um mês sendo submetido a exames e exigências variadas, sucumbi ante a destinação de apenas três vagas, na Cavalaria, a dois majores e a um capitão; em 1985, quase major, infiltrei-me numa área de estágio prioritária a concludentes da EsAO, sendo desligado na prova de aterragem, véspera do salto inicial. Maktub.

   O ápice da reunião veio no vibrante entoar coletivo da belíssima Eterno Herói, a canção dos paraquedistas capaz de arrepiar o mais insensível dos mortais, com a introdução da chamada no avião para o salto, a letra empolgante e o fecho conciso. Naquele momento lembrei, saudoso, do Gen Newton Lisboa Lemos, o autor da canção que conheci e muito admirava na sua postura elegante, invejável cultura e conversa atraente, um autêntico cavalheiro que a área de inativos e pensionistas propiciou-me o privilégio da aproximação pessoal.  Aventei comigo a hipótese: estaria o DNA aeroterrestre suscetível à fidalguia do general Lemos? Pus-me a refletir, amparado em indícios consistentes. 

    O Gen Acrísio, antigo estimado Águia Uno, há tempos concedeu-me brevê honorário; os convites gentis dos Cel Pellegrino e Amilcar; o brinde sorteado ao Cel Souto que me repassou; a recepção calorosa e o reviver de ligações fraternas, tudo fortalecia as conjeturas, confirmadas no inquestionável profissionalismo, liderança e fidalguia do atual Comandante da Brigada de Infantaria Paraquedista, Gen Abrahão.   

     Pari passu o desprendimento, a coragem, a força e a fé, o sopro do entusiasmo divino, cqd, privilegiou lugar nos corações paraquedistas ao cavalheirismo, à elegância e à amizade.

    Excelentes saltos, velames abertos e aterragens perfeitas aos eternos heróis fidalgos!

 

Rio de Janeiro, 14 de março de 2016.

Cel Cav Nilo, 85/3, paraquedista honorário.{jcomments on}

SERENDIPITY OU ALÔ BOY, ALÔ JOHNNY ?

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    Serendipity, palavra charmosa do idioma inglês, não tem tradução, tal parecia antever Noel Rosa nos 1930 – embora a tentativa de emplacar serendipidade - confirmado por maioria de linguistas partidários da falta de vocábulo capaz de transportar-lhe o significado para o português. Eis o xis da questão, tão bem percebida pelo gênio musical de Vila Isabel.  

   Grande Poeta da Vila! Não tem Tradução, a canção, culpa o cinema falado por inocular estrangeirismos no linguajar do malandro do morro, a quem esclarece “que o samba não tem tradução no idioma francês” - a simplicidade brejeira da letra critica o modismo disseminado à época, mesmo nas camadas mais populares, do emprego de anglicismos. O crescimento da aldeia global só agravaria a questão.    

   Serendipity corresponde à nossa saudade: sem tradução literal, é verdade, mas explicável: assemelha-se ao insight, uma revelação criadora surgida por acaso. A história da humanidade exalta serendipities famosas - a Eureka! de Arquimedes, a queda da maçã para Newton, a “tolle e legge” de Santo Agostinho, o scat singing de Louis Armstrong, a quietude do Cobra depois que Lord Salvanyus Gladius empregou a Brigada de Cavalaria Ligeira Praiana no zap72 e triunfou, incólume. Animado, acho ter sido agraciado com achados recentes.

   Primeiro quando se levantou a bola da criação do Sargento-mor em andamento no EB, inspirada em forças militares estrangeiras. Lord Salvanyus chiou de bate-pronto, tentei socorrê-lo apelando à kultur, mas contrapôs-se enxurrada de mísseis entre os quais o mais recorrente foi - “se todos adotam, então aqui também tem de adotar”. Ponto. Nem tudo que reluz é ouro, alertou-me antigo ditado de nossos avós e logo avultaram cooptações, malsucedidas, de experimentos alienígenas. Fui à luta ... papirar.

    A figura do Sargento representante do Comando persiste há séculos - saibam devotos do Sergeant major padrão US Army - inclusive no Exército Português em que hoje o Sargento-mor percebe rendimentos idênticos aos de Capitão. O tema envolve nuances histórico-culturais variadas que desprezadas certamente provocarão borbulhas refratárias à iniciativa em curso. Boas ideias? Ótimo, desde que se saiba ajustá-las a realidades por vezes antagônicas. Será o     momento certo?

   A querela produziu-me o efeito colateral de constatar a ausência de pesquisas e estudos sobre a formação e evolução histórica do sargento no Brasil, em contraponto aos oficiais. Daí veio o estalo: não agradaria a algum confrade, ou equipe de confrades, vir a preencher a lacuna com publicação sobre o tema? Considerei a descoberta uma serendipity à espreita de consumação integral.         

    Em meio a alfarrábios relendo o livro Formação do Oficial do Exército, do Cel Jeovah Motta, tive a revelação seguinte na alusão a Joaquim Gomes de Souza, gênio matemático brasileiro que praticamente ninguém conhece. Para avaliar-se a sua capacidade, Souzinha – assim chamavam o maranhense franzino – teve a ousadia de, aos dezessete anos, ser aprovado no concurso para professor da Real Academia Militar, em 1846, isso depois de aos quinze conquistar o direito de cursar Medicina; aos dezenove, dissertou sobre o Modo de Indagar Novos Astros, Sem o Auxílio de Observações Diretas, utilizado até hoje pela Astronomia; aos vinte, era doutor em Ciências Matemáticas; aos vinte e um, publicou Resolução das Equações Numéricas. Souzinha, fera de currículo que assustaria o Dal Bello, faleceu em Londres, esquecido - aos trinta e quatro anos - e assim permanece apesar de ser considerado o primeiro e maior matemático brasileiro da história.

    Caros amigos:

   Confesso que minhas impressões da falta de memória nacional sobre o Sargento e o gênio Souzinha estão mais para constatações que serendipities deflagradoras de descobertas. Enaltecia-as apenas para demonstrar que onde pouco se cria, e muito se copia, boas ideias e exemplos meritórios correm o risco de se transformar, como no samba de Noel, em meras conversas de telefone – Alô Boy, Alô Johnny.    

 Rio, 20 de fevereiro de 2016.

Dom Obá III, Contraditório-Substituto{jcomments on}.

ARMADILHAS VERBAIS

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Mesmo ao ateu mais empedernido ressoa familiar a citação bíblica da abertura do Evangelho de João – “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”- estabelecendo comunhão arquetípica com o Criador através da palavra.  Muito antes, o filósofo grego Heráclito aportara no logos, concepção cósmica comum a religiões e culturas. Mas os seres humanos, esses imperfeitos, logo – sem trocadilho - bagunçaram o palco.

   Expressar-se e se fazer entender, baita complicação! Começa que entre a idealização e a manifestação verbal interpõem-se bilionésimos de segundos, provocando distorções na mensagem irrompida no cérebro. Nunca se fala ou se escreve exatamente o que se pensa, e nessa desconexão viciosa principiam os problemas da comunicação. Assim como a percepção das coisas mundanas, na vontade e representação de cada indivíduo – valeu Schoppenhauer! -, dependemos de mecanismos neuropsicofisiológicos alheios ao próprio controle para o exercício do livre opinar. Além da disponibilidade perceptiva do interlocutor, claro.     

    Uma palavra mal dita – olha o perigo rondando – pode tornar-se maldita; inocente citação descontextualizada, motivo de aborrecimentos eternos; chiste ingênuo, fagulha a chamuscar amizades. De tanta confusão potencializada, a questionável sabedoria popular cunhou o ditado – “O silêncio é sábio” – que nem sempre é verdade, apesar de nos abrigar de incompreensões descabidas.  Avanços tecnológicos amplificaram os problemas.

    Nas redes sociais, a coqueluche da comunicação digital – instantânea e descontrolada – incendiou o planeta como em nenhuma outra era. Recorde-se: os avanços da escrita impressa ainda manifestam-se tímidos em várias partes do mundo, nos baixos índices de leitura de populações imensas; entretanto, tablets e gadgets de última geração operam furiosos na aldeia mais remota do Curdisquistão ou do sofrido Haiti. As massas triunfam, mas não se mancam.  

   Mais do que a mãe-natureza, a aventura do viver impõe limites à palavra - certo Dr Sigmund vienense chamou a isso superego – mas o zapazap, e parceiros, tem concorrido para desacreditar as descobertas ensaiadas na Rua Berggasse 19 pelo conhecido desbravador da mente humana. Antes de falar, pensar; antes de escrever, pensar em dobro, recomenda prudência geralmente negligenciada em aplicativos grupais, onde se requer descontração para suportar discordâncias, ou ataques frontais. Falar é se arriscar, calar é se abrigar...     

    Sem tempero, não existe prazer. Sem bom humor, conviver perde a graça. Rir de si mesmo sugere a males espirituais e corporais terapia infalível, infelizmente muito relegada nos tempos correntes a nicho existencial subalterno. Quem ri mais, e não se leva a sério demais, alonga e melhora a qualidade de vida. Sou testemunha, no dia a dia funcional. Apesar de tudo, escorreguei em casca de banana, melhor dizendo, na pasta do caviar.         

    Acontece que dois amigos diletos atropelaram-se a esclarecer o consumo de ovas de esturjão – russo ou iraniano? – em celebrações castrenses, depois do meu estarrecimento declarado ante o inusitado acepipe, conflitante com a austeridade supridora de aquartelamento tradicional. Explica daqui, justifica dali – desnecessário, aliás - os estimados irmãos de arma pespegaram-me os epítetos gentis de “bullying de companheiros” e “línguas ferinas e malsãs que infestam o zapzap”. Caraca!!! Não se fazem mais sarissófaros zen como antigamente, ruminei pesaroso: na velha e boa Cavalaria, contenciosos assim desfaziam-se nas baias, complementados por uma prova hípica, um jogo de polo, e uma churrascada, que ninguém é de ferro.    

   Meus amigos continuam diletos, barbaridade. Mas previno-os de que o zapzap é campo de batalha sem dono, infestado de armadilhas em que a zoada fraterna representa molho verbal ingênuo a temperar momentos de sensaboria virtual. Orientem-se, centauros!

    Aguardo-os nas baias. No mínimo para antepasto de churrasco gaudério, antes que a modernidade definitivamente os transforme em porta-vozes saudosos de petiscarias polêmicas.      


Rio, 28 de fevereiro de 2016.

Dom Obá III, ao galope, lança em riste, bandeirola rubra desfraldada{jcomments on}

PAULISTANOS EMProados, CARIOCAS FAVELADOS ???

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   Estava em périplo habitual de madrugador sonâmbulo quando sonido zap72 despertou-me, letárgico, a elogiar a recém-nascida MMM/SP embalada na terna euforia de consenso comunitário. Tudo nos trinques diferisse desta a natureza terminal da mensagem: “Saudações rubro-negras e alencarinas aos nossos camaradas paulistas!! (alemães para os cariocas favelados). Fulano de Tal, curtindo o grupo”. Peralá – tropecei transtornado no cafofo do Alto Urubú-sur-Babilônia, quase aterrando na UPP vizinha.   

  Quais seriam as motivações viscerais do remetente - aliás, polemista emérito – ao categorizar/antepor “paulistas alemães” e “cariocas favelados”? Maniqueísmo psicossocial, autoflagelo colonial exacerbado, preconceito arraigado, negação subliminar ou provocação anímica grupal? Após embatucar para desvendar determinados escaninhos perceptivos do dileto confrade, extraindo rastros psicanalíticos reveladores da gênese conclusiva do texto, alinhavei parcos argumentos em matéria de difícil equação.

   Ao expedir “saudações rubro-negras e alencarinas aos nossos camaradas paulistas” o Autor transparece - é inequívoco - integrar massa ululante de dita grei esportiva, na maioria extraída de enclaves desfavorecidos pela sorte mundana; no ser alencarino, evidencia-se aculturado às gentes cearenses, de incomensurável valor na saga superadora de desafios ingentes; no afago aos paulistas, enfatiza admiração inaudita. Tudo bem.    

    Entretanto ao decretar serem os cariocas favelados – todos, soi disant- o presumido Dragão do Mar redivivo derrapa feio na pista noturna da rede social, talvez obnubilado por acordes dionisíacos recentes do Fortal - que ninguém é de ferro – ou do acalanto amaciador da Aldeota - onde o balacobaco existencial pulsa sereno no ondular sussurrante dos verdes mares de Iracema. Combinados limites, o superego deste macróbio também sinaliza erosão do curso prolongado de tolerância a sofismas inaceitáveis – reagir é preciso, silenciar não é mais preciso. Ás favas, portanto, boas maneiras açoitadas por conceitos customizados, corolários de pensamentos engessados.   

   Resendenses, araçatubenses, uzbeques, novaiorquinos, alentejanos, tijucanos, pequineses, quixeramobinenses? Esqueça-os, são meras construções semânticas para encobrir o verdadeiro gentílico do planeta Terra: seres humanos, sem distinção natural de classe social, cor da pele ou ademanes domiciliares. Diógenes de Sínope – aquele desafiador, ídolo de Alexandre o Grande – certa vez indagado o seu berço natal, respondeu: “Sou apenas um cidadão do Cosmos”. Por que então fomentar a antinatureza dicotômica, cariocas x paulistas, advinda de suposto cultor da politeia platônica? Muito estranho, para refutar o inexplicável.  

    Comparados “alemães” e “favelados”, estes em notório desconforto - vide a trágica lembrança dos 7x1 em campinho das Alterosas – o Remetente Madrugador personificou bruzundanga prostrado aos pés de samoeidas arquetípicos, explicitando a clássica atração freudiana do oprimido pelo opressor. Por outro lado, considerados inimigos os dois grupamentos, mais viciosa se mostra a correlação exposta nesta madrugada.  

    Verifique-se a rapidíssima conversão do carioca arretado, Sr Paulo Pqdt Félix, ao modus vivendi da – no dizer oportuno do Dr Moneró - Paulicéa não Desvairada: as imagens da sessão histórica de ontem, no CMSP, entronizam o estimado às da Aviônica e de outras mumunhas aéreas tal nativo do Brás ou de Perdizes que nunca pisou nas areias de Copacabana, ignora o Maraca, a Feira de São Cristovão e o PDC. Transmutação fantástica.     

      Sobram exemplos: o Sr Archias, desenvolto na ponte CNTP-Círculo do Presidente Morata; o Sr Walber Guerreiro, precursor; o Sr W Pedreira, mês passado prestigiando o Portal Mágico, enfim, rola perfeita alquimia, inclusive démarches para representante mensal das CNTP nas tertúlias paulistanas – em princípio o Sr C Machado, símbolo da alegria de viver carioca. Faltam ajustes, mas a missão será não remunerada, sem acompanhante, além de prever relato da viagem - emoldurado pelo Pão de Açúcar e o costão da Praia Vermelha – no dia seguinte.

   Rogo ao influente pensador litorâneo não mais acirrar espíritos desarmados.  Sensível que é, muito mais do que a deselegância discreta das meninas na Avenida São João e o doce balanço  praiano da garota de Ipanema, difundirá a harmonia, a tolerância cultural e a paz aos homens de boa vontade.

    Amizade sem laço! Tolerância e abraço!

Rio, 05 de fevereiro de 2016.

Dom Obá III, temente ao mestre festejado.{jcomments on}