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Publicado: Terça, 07 Maio 2013 13:34
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Nem vencidos ou vencedores. Nem duelos capa e espada ou finalizações tipo octógono MMA. Nem virulência verbal ou debates bacharelescos. Nem desafios sanguinolentos ou confrontos mortais de saloon texano. Nem sentenças sumárias ou tribunais revolucionários. Simplesmente prevaleceu a sensatez, a alegria, o companheirismo, a amizade e, sobretudo, o indestrutível espírito de corpo da Nação72, numa confraternização incomum reunindo perto de trinta confrades. Na tarde outonal da sexta-feira de temperatura amena, sob os eflúvios benignos do Baluarte sagrado dos cadetes de outrora, renomeado Portal Mágico da TuMMM na revelação cósmica do magnífico Xamã Damerran, muito se conversou, divertiu e esclareceu a propósito de temas potencialmente explosivos que potencializavam atmosfera carregada de antagonismos artificiais e discussões impróprias.
Atendendo ao apelo do meu ala cavalariano Dom Ivan Coco, cedo adentrei o famoso mezanino superior do CMPV, por volta das 13:30h, a tempo de rever a leva inicial de participantes da celebração festiva. Ratifico o tom festivo, pois logo se destacava o local e a sonoridade efusiva do reencontro de maio, àquela altura já congregando número chegado a vinte integrantes da inigualável Turma, entre eles alguns inassíduos como o Gilson, o Lamas e o Paulinho. A Brigada Nikity/Araribóia, redimindo-se de longo afastamento, muito bem representada pela vanguarda Omar, Cardosinho e Dom Coco, ausente o Dal Bello, seria mais tarde reforçada com o próprio Cmt, o estimado Gen Archias, agora eminente PTTC presidindo importantes trabalhos de reformulação vocacional do HCE.
Estavam inspirados os rapazes MMM. Dom Pato, definitivamente assumido catedrático de física quântica, permanece zombeteiro, graças à imaginação fértil e dotes histriônicos que o fariam excelente comediante profissional. Escolheu Dom Félix como alvo preferencial de insuspeitos pendores, provocando gargalhadas gerais, inibidoras do Arataca na sua visão, perante extraordinária proeza aeroterrestre do nobre comunicante, suposto desbravador noturno dos céus da Amazônia em aeronave da USAF. Para se avaliar o absurdo, o Ayrton, glória do paraquedismo nacional, mais de cinco mil lançamentos na cartela, saltaria de pistola e cantil; Dom Félix, no lendário salto de combate na escuridão da selva inóspita teria pulado com equipamento pesado, fuzis e um teodolito digno de combatente do QEM, assombrando o planeta. É de se chorar de rir.
Tudo parecia serenado. Até mesmo o afamado jihadista virtual Dom Lobo Moneró cativava os circunstantes com sua habitual simpatia, longe do carbonário insuflando ásperos embates temáticos. Percebia-se, no entanto, indizível clima de inquietação represada diante da ausência dos anunciados litigantes jurídicos, Dr P Cobra e Dr Boita B, do que me certifiquei quando, solenemente estando a deglutir saboroso pescado, estimado confrade ao lado sussurrou-me – “ É ... acho que o Cobra não vem mais, desistiu...” – neste momento, como por encanto, vislumbrei a figura do ilustre detrator dos PTTC a se aproximar do recinto. Passavam das 15:00h, excetuando o Piranha e o Gilson poucos haviam se retirado, conformando plateia que prorrompeu em aplausos à chegada do polêmico Artilheiro, mais animando a já animada reunião.
Cessados os oba-oba iniciais costumeiros, o hábil e sagaz Dr PCobra, único envergando a camiseta oficial da Turma, logo tratou de aliviar a barra dos vampiros-zumbis presentes no categorizá-los indispensáveis ao bom funcionamento institucional, em ato de contrição extremamente salutar a ambiente coalhado por vasto grupo de antigos ou atuais PTTC: Archias, Alcântara, KbçA, Cléo, Cossa, Motinha, o retirante Piranha, Gusmão, Ivan Coco, Omar, Meireles, Patinho, Félix e o cabo das baias meu escrevinhador intergaláctico. Foi um gol de placa do jurista alado, capaz de massagear egos menosprezados, enternecê-los e conquistar o distinto público. Daí em diante, malgrado algumas tentativas abortadas de se levantar a bola de papos inoportunos, preva leceu a indiscutível peçonha bondosamente carismática do Dr PCobra. E ele reverteu o placar a seu favor.
Aliás, cadê o Dr Boita B ? Não mais que de repente, irrompe também no mezanino o infante sem jaça, cavalariano de coração na infância campesina do pampa de horizonte largo. Vem armado com o peculiar sorriso jovial, a risada inconfundível e a recente mania, diga-se bem ameaçadora, de oscular confrades distraídos e segurar-lhes fortemente as mãos sob as mesas, provocando insuperável estranheza, sobretudo em se tratando de ferocíssimo guerreiro nativo dos pagos passo-fundenses, tradicional reserva de machos selvagens. Fechada a lista de presenças com o Genú, o Falador I. Bocão, o Aballo e a participação especial de Mr Catch Azambuja, as conversas evoluíam após as dezesseis horas.
Desarmados os PTTC, o Dr Boita aquietado em estado alfa, Mr Snake fez a festa. Revelou, em papo descontraído, pormenores sofridos de sua carreira profissional, numa catarse visivelmente emocionante a ele e aos interlocutores mais próximos, pela sinceridade notória e o adensamento geral da percepção de certas atitudes na definição de nossas trajetórias de vida. Longe de julgamentos apressadamente imprecisos, inspirado pelas vibrações peculiares daqueles momentos, passei a melhor entender a personalidade de Mr Cobra, visceralmente integrante das hostes do Bem. E assim me arrisco a traçar-lhe breve perfil.
Mr Snake é ser humano de temperamento sanguíneo, intenso em tudo que faz, desde o ato banal de chupar reles picolé ao de planejar uma intrincada manobra de estabelecimento de cabeça de ponte nível exército de campanha. Vive cada minuto como se não houvesse daqui a pouco, e nisso visceralmente se agiganta, ou escorrega nas cascas de banana do mundo real. É inteligente, obsessivo, aluno aplicado, cabeça da Artilharia na AMAN, MB na EsAO, trabalhador compulsivo, verdadeiro pé-de-boi na definição de amigo comum, atuante, admirado ou incompreendido conforme as circunstâncias vivenciadas, sempre em dosagens extremas. Pai amantíssimo, cultiva legado de ilustre ascendência do bravo Cap Oliveira, heró i da FEB, prestigiado defensor dos ex-combatentes, do qual me recordo com carinho dos idos acadêmicos; a tradicional vibração familiar pelo EB certamente influenciou os caminhos de suas filhas queridas, uma Cap Med no HCE, a caçula ex-aluna do CMRJ.
Muito se poderia ainda discorrer sobre o Dr PCobra. Sempre a mil, ignora os maneirismos enganadores do politicamente correto. Impulsivo, fala o que pensa sem medir consequências, daí a se arriscar a proferir opiniões no fio da navalha da crítica acerba, em contrapartida a ele não se podendo nunca imputar a pecha de insincero ou enganador. É homem de ação, força da natureza indomável, dínamo cuja energia o tempo não faz arrefecer enquanto sopro de vida houver a viver.
Quase sete da noite, sobreviviam eu, o Meireles, o Dr Lobo M, o Dr Boita B e o Dr PCobra, este a pleno pavio, principalmente depois da sessão de fotos selando a paz entre os doutos juristas. De repente, adentra o recinto o Cel Cav da Ativa Silva Júnior, ex-Cmt do glorioso 15º RCMec, acompanhando-o esposa e o filho tenente, paraquedista como o pai, atualmente servindo no 25 BIPqdt. Vindo a nos cumprimentar, o quase sempre comedido Silva Júnior não se contém ao perceber a presença de Mr Snake, abrindo os braços e o sorriso numa afetuosa saudação – “ - Tio Cobra, há quanto tempo...” – evocando os tempos de instruendo do singular Artilheiro na área de estágio do CIPqdt. Ali, na espontaneidade daquele gesto de pura amizade entre camaradas de gerações distantes, decifrei o verdadeiro enigma do ego prevalente Cobra: o de ser um soldado entusiasta e autêntico, apesar de inconscientemente pretender enganar a si mesmo e ao público em geral.
Saímos do CMPV felizes e, já no estacionamento da Praia Vermelha, parte contagiado pelo infindável entusiasmo aeroterrestre de Mr Cobra, parte premido pelo adiantado da hora, parte afoito pelo desesperado apelo de socorro de Mr Boita para chupetar o seu Dodge Dart 72 enferrujado, pifado poucos metros adiante atrapalhando o trânsito, passei a entoar em altos brados, logo seguido pelos demais, a inebriante estrofe inicial de Eterno Herói:
Cumprindo no espaço a missão dos condores
Valente e audaz não vacila um instante
Nas asas de prata o roncar dos motores
Vai a sentinela da pátria distante...
Foi a senha para despedidas calorosas e promessas de comparecimento ao legendário quiosque 172 no próximo 11 de maio, celebrando o aniversário do Tio Cobra, percebo agora um tio da pesada, fonte natural de fortes emoções aos seus sobrinhos e amigos fraternos da TuMMM.
Viva o Tio Cobra, valoroso Art Pqdt. Abaixo o causídico Dr PCobra dos salamaleques bacharelescos. Viva 08 de maio.
Hasta 11 de maio.
Rio de Janeiro, 06 de maio de 2013.
Dom Obá III, terapeuta especializado em alteregos polêmicos, inclusive ele próprio.
PS: O Dodge Dart de Mr Boita pegou, chupetado por um paisano aliciado antes da nossa intervenção.