OS MESTRES BARBEIROS DA ACADEMIA
- Detalhes
- 12 Out
- Acessos: 1108
* Veja mais na galeria de fotos!
Eles eram funcionários com carga diária elevada de trabalho. Atender mil e duzentos cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e centenas de oficiais, exigia muito esforço e talento, Afinal, eles eram mestres barbeiros e a habilidade no trato com as ferramentas utilizadas para aparar os cabelos, significavam a satisfação em atender o desejo do cliente e o acatamento à norma rígida relacionada ao padrão de corte vigente. Como a maioria deles residiam em Monte Castelo, o meu relacionamento social e profissional com essa categoria de artífices iniciou-se nos primeiros passos de minha infância.
Do mestre João Moura eu era freguês assíduo, pois residíamos em casas muito próximas. Meu pai acertou com ele a utilização da velha caderneta para anotar os cortes de cabelos mensais, o que seria o cartão de crédito hoje. Assim sendo, mensalmente, eu e meus irmãos, acessávamos um pequeno espaço coberto, construído na lateral de sua casa e que servia de salão para corte de cabelo e barba. Era adornado com todos os utensílios necessários para o freguês se sentir em autêntica barbearia.
Nos finais de semana o senhor João Moura atendia uma clientela assídua, Ele tinha um filho, Josias Dutra Moura, que foi aprovado em concurso para a Escola Preparatória de Cadetes e declarado Aspirante à Oficial do Serviço de Intendência, na condição de integrante da Turma AMAN/1971. Na fotografia, um jovem aprendiz destaca-se dos experientes mestres. Por ser jovem e filho de funcionário da AMAN, o Milton participava de eventos sociais com parcela da juventude de Monte Castelo.
Com ele tive o prazer de compartilhar festas memoráveis no GRUMC e no CCRR. Como afirmei no início desse comentário, o trabalho desses mestres barbeiros era intenso, com atividades no início do expediente diurno e carga máxima no período noturno. Alguns se destacavam por realizar um corte mais elaborado, de forma a preservar, dentro das normas vigentes para o cumprimento do padrão regulamentar, o que sobrava das melenas dos cadetes. Outros, faziam o serviço com rapidez e no rígido padrão "Príncipe Danilo", com a máquina "zero" sendo protagonista do espetáculo. As cadeiras exclusivas para o corte de cabelo eram distribuídas pelo Salão da Barbearia da Academia, com o mestre ocupando seu local de trabalho dentro da disposição estabelecida pelo Chefe.
Era normal uma determinada cadeira permancer vazia e o salão repleto de cadetes. Entretanto, bastava o Barcellos, Sirval e outros mais destemidos chegarem ao local, para a cadeira ser ocupada e o corte iniciado. Esse mestre barbeiro, senhor Eduardo, realizava um corte rápido e dentro do padrão rigoroso. Registro que uma de suas filhas casou-se com o veterano Sirval. Recentemente, o Comando da Academia inaugurou uma placa comemorativa aos relevantes serviços prestados pelo senhor Eduardo, materializando significativa homenagem aos mestres barbeiros que colaboraram na formação de gerações de cadetes da Academia Militar das Agulhas Negras. Cadete 1247 - Simões Junior - AMAN/1972.