DA BALALAICA AO REPINIQUE
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- 30 Jul
Coerente com o perfil extemporâneo de homem discreto, nascido no biênio crepuscular da quinta década do século XX, eu acompanho de soslaio a interatividade virtual da Intrépida Turma.
Por que Intrépida? Porque o élan, o denodo e a coragem jamais se apartam da identidade visceral dos aspirantes72, antenados em assuntos motivadoras de debates que encontram substitutivos naturais nas intervenções exóticas do Cobra Saltador, meu curatelado de estimação inimputável. Afinal, de marasmo não se morre neste grupo cinquentão.
Habitualmente desatualizado no zap, descobri polêmica em pré-combustão que mobilizou Dom Obá III a intervir nos acirrados confrontos verbais de confrades inarredáveis nos seus pontos de vista.
Quando uma discussão se prolonga demais, sinaliza que nenhuma das partes tem razão, psicografou-me o afro-príncipe citando Voltaire, um dos seus filósofos de cabeceira. Antes que se descambe para a incivilidade rasteira, prosseguiu, recorra à mediação apaziguadora de Dom Marcos de Bonis, SM, supremo e único sacerdote da Ordem do Marechal capaz de pacificar o octógono opinativo da MMM.
Prestes a contatar o gentleman sorridente de Araçatuba, antecipou-me presságio de observar a beligerante arena em que se transformara o aplicativo grupal. Tive sorte.
Tonteira e cegueira política esgrimidas prenunciavam desfecho fratricida a duelo desativado pelo noticiário das proezas equestres dos confrades Cav do Milênio e Inf do Moneró, no sopé das Agulhas Negras. Ó benditas, redentoras carrières resendenses da fidalguia, da harmonia e da temperança 3M, Dom Obá vos saúda e aos cavaleiros do após-calypso da Irmandade!
Ânimos arrefecidos, acelerado busquei o tummm72.ansags.com.br, lugar de refrigério e paz para apreciar atualidades corporativas. Impossível melhor escolha.
Abro o site e vejo os comensais de concorrido banquete no badalado restaurante Le Cheff. Encimando inefável crônica do celebrado Sr Valter de Carvalho, o sugestivo título “108ª Reunião da MMM72 / DF: uma garrafa de vodka para o mais brasileiro dos russos”.
Por segundo fugaz espaventou-me a ideia de o homenageado diferir do Sr Paulo Baciuk - desenvolto de Brasília a Moscou, de Salvador a São Petersburgo, de Madureira a Ismailovo. Porém, satisfazendo expectativa notória, era ele o compatriota das estepes geladas a quem o mimoseio da vodka evocava ancestralidade eslava.
No equilíbrio da corda bamba Dostoiévski - Machado de Assis, Baci, cossaco gentil, salta carpado de quatro voltas, restabelece-se impávido, agradece os aplausos, verte, traduz e domina idiomas, aprecia vinhos, distancia-se das cãs, troca lero no Kremlin, mantém jovialidade sempiterna – tudo sem bambolear a paixão cruzmaltina.
Venerável Sr Carvalho Simões, perdoe-me discordar da ambivalente nacionalidade informal insinuada ao aniversariante curitibano de Novgorod. Atendendo a deliberação permanente da Egrégia Turma72, devidamente autorizado por Dom Obá eu proclamo:
- Dom Paulo Baciuk, cidadão do mundo! Balalaica e repinique a postos, salta aquela caipiríssima de vodka!
Curitiba-Rio-Brasília-Eslovênia Oriental, julho, 26, 2019.
Nilobá III confere e autentica.