PRISCO, AMIGO DE INESPERADO GESTO ETERNO

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   15 de dezembro do ano passado, sexta-feira à tarde, automóvel compartilhado do Rio a Penedo rumo aos 45 anos, Eu Estarei Presente: Mário Augusto e Luiza, a se hospedarem próximos; Andréa, comigo, na Pousada do Sol.  

   Contumaz atrasado nas providências que antecedem os encontros anuais da Turma, indicações do Mário sobre a hotelaria de Resende e arredores se perdiam por exclusiva negligência pessoal de consolidação oportuna. Dezembro chegando, desespero batendo, quase indisponibilidade total de reservas, retorno ao amigo providencial: fala com o Prisco! E aconteceu assim, recebida dele resposta ilustrada com imagens detalhadas da Pousada:

   “Pousada do Sol Penedo, localização central na rua principal; o pacote do final de semana de 15/16 Dez sai desde R$ 590,00 em Apto até R$ 790,00 por Chalé. Falar com Fernanda; caso queira refira-se a meu nome e o evento da AMAN; não está disponível no Booking, por enquanto; faça contato telefônico; fiquei hospedado lá no encontro 40 anos, tem boa acessibilidade; próximo a farmácias, etc...Prisco!”

   Concisa, clara e precisa orientação obedecida, logo percebo aproximar-se no destino o ilustre confrade, tão logo descarrego as malas. Antes mesmo do reencontro fraterno, sobraçando pequeno volume, o ataque-surpresa: - “Nilão, tome esta garrafa de vinho como retribuição do seu presente de amigo oculto para mim”. No gesto aparentemente despretensioso e banal se traduzia mais do que gentileza e gratidão, por si só elogiáveis - a amizade desinteressada, o caráter excelso, a personalidade invulgar do Prisco.

  Explico a sua motivação. Há anos, em plena CNTP de dezembro, aterrissou direto da Paulicéa, no CMPV aquecido por tradicional amigo oculto, o desprevenido Abelardo, sem lenço nem documento, sitiado em meio aos escambos natalinos da galera do Leme ao Pontal. Valei-me, São Sebastião do Rio de Janeiro! Imaginei o desconforto do visitante emboscado na balbúrdia geral; alguma revelação surgiria para recepção melhor condizente. De repente, não mais que de repente, no fundo da mochila revolvida aninha-se a garrafa de uísque ali esquecida por ter sido substituída por um livro, prontamente destinada ao Prisco – melhor dizendo -, o meu amigo inesperado.

    Comovido, agradeci-lhe a recordação depois de tantos verões passados daquela vesperal festiva no Círculo da Praia Vermelha, ao que respondeu: - “Faz tempo que busco esta oportunidade, muito obrigado”. Um forte abraço selou o momento de sincera emoção.   

   Artilheiro, santista apaixonado, general, inteligente, bem humorado, sagaz, excelente profissional, amigo dos amigos, líder, decidido, alegre, espontâneo, peladeiro – estas e outras facetas do Prisco nunca desconsideraram o especial ser humano nele abrigado.        

    Ontem à noite, infelizmente, gesto surpreendente, nem de longe imaginado, abreviou- lhe a rica existência. No lugar de suas intervenções espirituosas e marcantes nas redes sociais da Turma, o prenúncio preocupante de “Armas em Funeral” precedeu as infindáveis mensagens de incredulidade, consternação e lamúria intensa diante da confirmação do seu óbito.  

   Às recentes, dolorosas perdas do Jailson, Abreu e Neison, somava-se a do antigo cadete zero meia, artilheiro visceral. Artilheiro-cavalariano, no dizer emocionado e póstumo do seu filho, Coronel de Cavalaria, desconcertou-nos, sem exceção, na surpresa indesejada, na ilimitada tristeza, na enorme saudade legada.

    Velhos artilheiros, virtuoses da Vila Belmiro e confrades da Turma Mascarenhas de Moraes – hoje nos Campos Elíseos celestiais -, já devem estar recepcionando o novel residente da Pousada do Céu.

    Estimado Prisco:

   Preservo eternamente na memória afetiva, a sua afetuosa retribuição a mera iniciativa minha.

   O JP Chenet tinto, safra 2014 – ainda e agora para sempre intacto - simbolizará ao meu coração a imperecível lembrança do amigo generoso, profissional brilhante e admirável ser humano.

   Luz e paz, Abelardo!     

 

Rio de Janeiro, 19 de fevereiro de 2018.

Cad Cav 1039 / 72, Nilo.