ENTRE ANEDOTAS E CHAMPANHOTAS
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- Criado: Sábado, 04 Março 2017 11:09
- Última Atualização: Domingo, 26 Março 2017 11:31
- 04 Mar
- Escrito por NILO PAULO MOREIRA
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Doutor de anedota e de champanhota
Estou acontecendo no Café Society
Só digo enchanté, muito merci, all right
Troquei a luz do dia pela luz da night...
(Café Society, de Miguel Gustavo)
Antigamente, muito antigamente, um espaço nos jornais rivalizava no interesse dos leitores com o noticiário policial, político e esportivo: as chamadas colunas sociais. Consideradas uma espécie de reserva de mercado da grã-finagem em que a plebe ignara se deleitava com os potins, o savoir-faire e o glamour dos ditos ricos e bem-nascidos, atestavam de fato o exibicionismo provinciano de tempos ingênuos.
Colunistas sociais ascenderam a ícones do jornalismo, mesmo se chutassem a canela do idioma - vide Ibrahim Sued, o mais famoso deles. Pouco importava, absolvia-os o beneplácito de poderosos ávidos por exposição, colunáveis avant la lettre. Dizem, até Jorge Veiga - o Caricaturista do Samba - misturou realidade com ficção para imaginar-se íntimo dos Souza Campos, Catões e Mayrink Veiga, locomotivas da época, depois do sucesso musical de Café Society.
A festa acabou em meados dos 1960. No Rio de Janeiro - epicentro natural daqueles days of wine and roses - a transferência da Capital para Brasília, e revoada da trupe política, assestou golpe fatal na Copacabana festiva de boates e night-clubs elegantes. Uma juventude ensolarada, bossanovista e surfista, ocuparia de vez o cenário abandonado por notívagos renitentes, Ipanema e Arpoador destronariam a vaidosa Princesinha do Mar.
O desaparecimento das colunas sociais, na concepção consagrada de folhetim de costumes, não sepultou a difusão sistemática de hábitos, preferências e valores de determinados grupos, confirmam as redes sociais em ampliada relevância própria dos militantes de facebook, twitter, zapazap e similares. Desaparecidos João do Rio, Maneco Muller, Zózimo e Tavares de Miranda, bilhões de internautas espaçosos adentraram a ribalta. Vida que segue.
No site da Turma - notícias, opiniões e fotos - retrocedo aos idos de leitura voraz da imprensa de antanho, particularmente da Última Hora e do seu dream team de jornalistas, inclusive no colunismo de amenidades.
No fervor dos anos dourados, o crème de la crème frequentava o Country, a Vogue e o Copacabana Palace, enquanto a galera, digamos assim, batia ponto em territórios tipo o Bolero, o Mau Cheiro e inferninhos incandescentes de animação garantida para todos os bolsos e preferências. Incorporado o olhar daqueles cronistas mundanos, arrisco ligeiras distinções tribais no planeta T3M.
Os tribalistas do Rio e de Fortaleza, na descontração litorânea comum, evocam o gênero Bolero-Mau Cheiro. Os de Brasília e de São Paulo, requintados, a aura da linhagem seleta Country- Copacabana Palace. Ops! Em autodefesa prévia contra mal-entendidos, releguem-nas a meras suposições sem juízo de valor, quase confissões íntimas de forte motivação impressionista.
A ficha caiu quando atentei para imagem pós-carnaval da Pauliceia MMM, que de desvairada não tem nada: todos muito bem postos, dos engravatados aos esportivos, transmitem sólida sensação aristocrática. A BSB/3M exalta queijos e vinhos de excelentes safras, mas Sampa excede.
Confiantes no lema uma imagem vale mais que mil palavras, acessem www.tummm72.com.br para apreciação do carismático Walber G retratado no tal convescote paulistano - a finesse em forma de gente. Sem demérito aos demais, o bravo Guerreiro transparece reencarnar fidalgo barão do café, o farto bigode encimando postura de altivez pedagógica. Muito chic.
Observador ignaro dirá: - “O Velho Brito, enturmado, no mês de janeiro em São Paulo? Abandonou a Corte? Sabe nada, o neófito. O impressionante nomadismo do VB - aqui, ali, acolá - expressa o dinamismo da Turma que chora mas não se abate, tropeça mas não cai, e rejuvenesce em minúcias como o da elegância insofismável do Sr. Walber G.
Cadinho de infindáveis emoções, a T3M sempre permite reverenciar o fecho de Café Society, coisa do Ibrahim:
Depois eu conto.
À demain.
Rio de Janeiro, 05 de março de 2017.
Dom Obá III, tout court.