A MULTIPLICAÇÃO DOS LOBOS
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- Criado: Sexta, 17 Outubro 2014 15:06
- Última Atualização: Quinta, 21 Abril 2016 14:09
- 17 Out
- Escrito por USUáRIO TESTE DE SISTEMA 1
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Excelentíssimo Dr Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Data vênia, rogo aclarar este iletrado sobre misteriosas aparições suas. Dia acesso a caixa de mensagens e lá identifico VSª, sorridente, em assembleia no Planalto Central; adiante, enturmado no Baixo Fortaleza, como se não houvesse amanhã; para culminar, assinando ponto no CMPV, diga-se representado por indivíduo que em nada o recomenda.
A estranheza enseja percepções. Estarrece a rapidez, oportunidade e abrangência das aparições, provocando inveja a presidenciáveis em campanha e suposição recorrente de VSª cumprir missão diplomática do Pimpim, exclusiva hipótese para absolvê-lo perante a turma. Desconsiderada a diplomacia itinerante, resta imaginar ter subestimado, ou negligenciado, a importância capital da sua figura nas tertúlias do CMPV, neste mês valorizadas por presenças bissextas.
De Brasília, Nestor Cabeça, alto-astral, parecia egresso dos anos 1960 após exibição primorosa do Fogão; da Petrobrás/Itaboraí, Gilson Com, longe Pasadena e cositas más da estatal; da Tijuca-1, Prez, meio sorumbático, talvez nostálgico do seu aconchego; da ECEME, Motinha e Ivan Piranha, este cultivando a famosa cabeleira-bigode prateada mexicana, aquele reforçando as hostes afro-vascaínas; do Méier, Toledo artilheiro, já incorporado ao NB; da Tijuca-2, Mello infante, sem esbarrar no Alcântara; dos Skynalhas, Peres Cobra, emotivo ao lembrar Araçatuba; do Catete, Ângelo KbçA, cronista instantâneo-digital implacável; do Recreio-Vargem Grande, Ayrtinho, disfarçado em charmosa barba e t-shirt Led Zepelin a vingar a honra nacional contra a Alemanha (alemã, melhor dizendo).
De Botafogo, João Meirelles, impossível. Logo chegando, sério bagunçou a corda-tronco geral ao anunciar ter cumprimentado, na entrada do CMPV, dois expoentes sumidos de 72 cujas supostas proximidades alvoroçaram o coreto. Conversa vai, conversa vem, e nada. Já desconfiado o inquiri, quando admitiu tê-los confundido com o Nestor e o Mello. Era só o começo.
Lá pelo FCVN, papeava com casal de turistas estrangeiros sentado na mesa ao lado. Além da vibrante fluência do Joe May em indecifrável idioma, causava espanto a turista filmando o Ayrtinho, a gerar incontrolada suspeita neste QM 07/001: seria ela espiã da KGB, Mossad, EI ou CIA? Quem sabe, extraterrestre a fim de raptar o querido Arataca? Quase a arrancar o ipad da alienígena, antes recorri ao Joe, tendo esclarecido serem alemães em férias, felicíssimos com o interlocutor e encantados com o Ayrtinho, a quem a radiante Frau endereçava elogios por nele ver personificada a alegria do brasileiro típico. Aliviado, desmobilizei injustificado temor belicista.
Ignorava os saberes linguísticos do Meirelles, renomeado Hans Meyer. Desfeito o pavor da espionagem agucei os ouvidos, sem entender patavina, fazendo aumentar a idolatria ao teuto-artilheiro, sua erudição e modéstia. Assim, lanço o nome do Joe, ops, Hans, para chefiar eventual representação da TuMMM nos pagos da velha Prússia, secundado pelo ícone aeroterrestre, na aditância cultural. Motivo? Ora, o Barão arrasou e nem se deu conta...
A verdade é que o nobre pqdt ascendeu a latin lover tropical sem perceber, porquanto distraído trocando figurinhas na reunião. Dezenas de flashes espocados pela europeia ante a malemolência maranhense-carioca, o intérprete Meirelles desvendou o it do borogodó: além, claro, da espontaneidade contagiante, a Frau se apaixonara pela camiseta Led Zepelin do Arataca. Tara? Fetiche? Alucinação? Sei lá, repasso a análise do peculiar fenômeno ao hierofonte praiano Damerran, doutorado nos desvãos da psique humana.
Confesso-lho o meu orgulho ao constatar o reconhecimento germânico aos confrades Meirelles e Ayrton, resgatando a autoestima pátria depois de acachapante vexame esportivo. Foi a glória, seguida de profunda tristeza por considerar-me monoglota crônico, desprovido de charme e t-shirts maneiras. Desolado, ergo a cabeça para, atônito, surpreender ao vivo e a cores Ismael B sendo osculado nas bochechas por garçonete do CMPV, em inocente gesto de boas vindas. É mole ou quer mais? ... bradei horrorizado.
Anda em voga a delação premiada. Homem de princípios sólidos, jamais serei dedo-duro, mesmo se me oferecerem cobertura na Aldeota-Mereles ou mansão no Moneró. Manda dever de consciência, no entanto, alertá-lo sobre a personalidade dúbia do seu preposto. Ora cordeiro inofensivo, ora lobo feroz, talvez o tenha iludido para encarná-lo aos pés do Pão de Açúcar. Adentrando bem tarde o Círculo, alardeou substituí-lo em carne, osso e espírito, do que se valeu para brincar de lobo mau amador. Previno-o: o olhar mellífluo, o discurso envolvente e a falsa timidez dele mascaram comportamento de águia pronta a atacar presas indefesas, como VSª.
Falso travestido, o Sr Ismael B não convenceu na pele de Lobo, cujas pegadas indicam aversão a ser tricolor, tijucano ou falador, pois se entoca na Ilha, adestra cavalos em Deodoro e quase madruga nas assembleias festivas. Repudiam-se, ademais, os replicantes Lobo do cerrado e Lobo alencarino, clones virtuais sem selos de qualidade ambiental.
Ao afiançar-lhe a relevância extremada do seu comparecimento presencial às reuniões da Pioneira/RJ, encareço que se motivos imperiosos delas o distanciem, mantenha os demais confrades adrede informados da possível ausência, desobrigando-os de convívio similar ao da edição passada.
Permita-me V. Sª proclamar a existência de único e inimitável Lobo. É o parecer, salvo melhor juízo.
Rio de Janeiro, 17 de outubro de 2014.
Dom Obá III, rábula vira-lata.{jcomments on}