CRACHÁ OU ESCRACHÁ, EIS A QUESTÃO

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 Foi muito agradável e proveitosa, como de rotina, a reunião-assembleia de outubro no sítio mágico do CMPV. Além de frequentadores habituais, ilustres confrades pouco assíduos compareceram, contribuindo para abrilhantar o convescote mensal da Nação72 extraordinariamente conduzido pelo Presidente Pimpim, assessorando-o o Premier Arataca, o polivalente memorialista, fotógrafo, excelso promoter Dom  KbçA e Dom Lobo Moneró, exímio consultor de complicadase polêmicas carrapetas jurídicas.

  Da Capital Federal, agora também radicado na Barra da Tijuca, registrou-se a presença festejada do Bonato que, para alegria geral, certamente amiúde participará das reuniões vindouras, pois figura carimbada será na ponte-aérea Rio-Brasília-Rio, desde já incluído no QO/NB da Seção/RJ da glamurosa Turma. Outra presença ilustre, há tempos desaparecida a dar o ar de sua graça singular foi o Viga, cada vez mais Super e capaz de a galera entreter com histórias recheadas de nuances hilárias. Além dos amigos mencionados, lá estiveram o Motinha, representando a arrasadora linha atacante do CEE da ECEME: ele, Nonato e Piranha; Bastos, embaixador do QEM, que cedo saiu; Cléo, o incrível bardo de botequim pé-sujo, em jornada de rara inspiração narrativa; Aballo, este ano redimindo-se de longo afastamento do Círculo e Cossa, aniversariante do mês, magno representante da Arma azul-turquesa, restando a este humilde  alterego curtir  a intensidade dos momentos especiais transcorridos naquele  inigualável portal cósmico da Praia Vermelha, apud oestimado filósofo/guru Ivo Damerran Smith.     

  Dos ausentes, pacientemente aguardados, a lembrança recorrente dos respectivos forfaits propiciou-me alento para breve exercício simulatório dos motivos que os fizeram faltar. Assim, imaginei Bac do Milênio absorto nos preparativos do Flu-Nense para a reta final do campeonato brasileiro, talvez pilotando tarefa insuspeita de autêntico Malaquias da Flunimed; do Boita, ardoroso  defensor do estado permanente de justiça, convicto estava de permanecer com a  perna imobilizada, na expectativa de orientação médica;do Coquinho, o Príncipe das Arcádias, visualizei-o atarefado em tarde-noite de autógrafos de sua mais recente obra literária, best-seller e sucesso de crítica; do Patinho, acreditei vê-lo entregue a incompreensíveis estudos de física quântica, matéria que passou a dominar na maturi dade sessentona após intensiva  maratona diária pelos  corredores e laboratórios do IME, segundo lenda corrente devida ao violento baque simultâneo de várias maçãs na sua (dele) cabeça, em plena rampa de acesso principal ao prestigiado Instituto; do Frischeng, morador na fronteira Copacabana-Ipanema, quem sabe estivesse a contemplar a deslumbrante paisagem das praias mais cariocas do planeta; o Mafú, garoto da Barra, poderia estar a surfar nas ondas havaianasda Macumba, aloha!; do Félix, o mais audaz dos pqd de 72, nadaconsegui antever, tamanhos são os riscos potenciais de suas missões aeroterrestres;  finalmente a Bac do São Jorge, o alardeado personagem global, admiti estar na fábrica de sonhos da Vênus Platinada, o Projac, maquiando a atriz F. Alessandra, de Salve Jorge, a novela 3C que “alavancará a imagem do EB”, a estrear em horário nobre. De fato,na quase totalidade  são apenas conjecturas pessoais que externo sem comprovação aparente.

  Papo vai, papo vem, do Mensalão ao Brasileirão, do metrô de  Paris ao BRS da Zona Oeste, de Praga a  Porto Alegre, de Versailles a Malhermes, de Resende a Santa Cruz, de Penedo ao vau da Maria Inocência, de Pedra Selada a Porto Real, de Quatis aos campos de Membeca, havia dicas para todos os gostos, e bolsos, motivando excitação redobrada no foro democrático do CMPV de verdadeira catarse coletiva ali  processada. Fácil perceber, as conversas convergiam às celebrações dos 40 Anos, Presente!!!  Aliás, seria imperdoável  deixar de enfatizar a conquista fantástica do O1, de se arregimentar duzentos integrantes da Turma, segundo o Ângelo efetivo hoje já superado, sem dúvid a diante da mobilização bem sucedida dele e do Britona rede operada.      

  De repente, encabulado por lapso indesculpável percebi não ter realizado o depósito bancário da histórica efeméride dezembrina. Saí de mansinho, fui ao caixa eletrônico e, ao retornar, saldei a dívida em espécie com o KbçA, ratificando minha presença nos pagos resendenses. Quando retomei o lugar à mesa, acirrado se iniciava debate que a partir de então preponderou nas conversas: como  identificar corretamente os confrades na AMAN, sem  provocar ou sofrer constrangimentos. Formaram-se dois partidos, um pró-uso de crachás com nome e foto, outro advogando a imprevisibilidade da identificação.

    O Partido Nacional do Crachá (PNC), capitaneado pelo Barão de Vargem Grande, privilegiava o fator segurança ao defender o uso do adereço,em tese eliminandoriscos inevitáveis de tremendos micos ou saias justas. Com ele, estaríamos todos ao abrigo de calvícies pronunciadas, barrigas proeminentes, obesidades mórbidas, vistas cansadas e cabeleiras cor de neve, ou acajus, obviamente excetuando-se o Brito, cuja brancura capilar pouco mudou em relação aos idos do Curso de Comunicações acadêmico. Conservadores e enfáticos, os militantes do PNC admitiram propor a LAçsurreal-alternativa de cada confrade escanear sua própria foto na RAN/72e inseri-la no crachá, a fim de facilitar-lhes a identificação quarenta anos depois. Só faltou sugerir romaria desenfreada aos GIR para  produção de photo shops ao gosto do freguês.

  Já a turma do Partido Brasileiro do Escracho(PBE), liderada pelo KbçAe ao qual me filiei no primeiro argumento, advogava o livre arbítrio escudada no consagrado axioma castrense de que “a interpretação faz parte da questão”.Além de opostos ao cartesianismo lógico da doutrina fundadora do PNC, de ultra-direita, os pressupostos do PBEaproximam-se da alegria caótica, do lirismo e da espontaneidade da condição humana, hoje decadentes. A rigor, no prosseguimento das discussões até os xiitas do PNC começaram a rever conceitos, em face de visões prospectivas do tipo – e se o Arataca for confundido com o Dal Bello? E o Lobo com o Gemada? Ou o Pimpim com o Coco? E o KbçAcom o Cabeça? Ou o neo-europeu Wollotan com o neo-ariano Machadão? Infinitas combinações poderiam ser alinhavadas, num charivari fisionômico de consequências insondáveis. De minha parte, confesso-lh es, gostaria de ter atrelada minha identificação difusa ao ser híbrido delineado em Um Opúsculo Aberto; não sendo factível, ficaria deveras satisfeito se assumisse a persona, e assim fosse confundido, de alguém com a sabedoria do xamã Salvanyus, a audácia benfazeja do Capitão Garance, o talento multimídia do Akva Toscum, a leveza etérea do Barão e o charme irresistível do brother Pimpa.  

   Sem acordo visível no horizonte, comemoramos o aniversário do Cossa e nos despedimos aferrados às nossas convicções partidárias. Impressionado, há duas noites durmo sobressaltado por pesadelos nos quais sou confundido sobdenominações as mais estapafúrdias, a tudo tendo suportado com  fair-play britânico. Esta madrugada, no entanto, sucumbi diante de sonho em que um velho camarada, não identificado, pergunta-me, afável, na entrada do Conjunto Principal – E aí,o nosso Mengão escapa da Segundona? – Foi demais, surtei, acordei suando em bicas e estou zonzo à cata de apoio psicológico.

   Levemente catatônico, rumo neste instante ao encontro de uma urna eletrônica para votar, não sei bem no que ou em quem. Só sei precisar de ajuda urgente, a fim de o quanto antes evitar ser confundido com algum bárbaro “daquela” facção dita esportiva. Ser confundido com o Barão seria a glória, com o Bac do São Jorge... vá lá... com integrante da famigerada “nação” implodiria para sempre omeu HD,  acreditem.

    Cambaleante, recorro ao eterno dilema do solilóquio shakesperiano: crachá ou escrachar, that´s the question. Acudam-me, amigos-confrades.


Rio, 07 de outubro de 2012

Dom Obá III, indeciso, obnubilado, desorientado e confuso. Do Baixo PNP,  Casaca!!! {jcomments on}