O DRAGÃO-XAMÃ DO MAR CARIOCA

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Paralisei, incrédulo, perante o inenarrável cenário que vi

Assim, absorto diante do mar, em contemplação o xamã Salvany

Ainda que mil anos vivesse, jamais dia algum poderia esquecer

A irrepetível aparição daquela noite, na bruma sombria do CMPV

 

Vislumbrei desatinos, na escuridão tardia de uma sexta-feira de agosto

Ali, talvez, reminiscências de encontros em remotos passados ignotos

Que o Baluarte as guarda na memória e no ar, da gloriosa Escola Militar

Aliás, palco perfeito para o renascimento e meditação do eminente avatar

 

Aturdido, confuso, me aproximei passo a passo com redobrada cautela

Impossível corporificar-se, agora, a presença do intelectual de Iracema

Ledo engano, vera última forma sonora, deleta, apaga, retumbante errata

Quando perto avistei uma senha inconteste, o negror do boné-grife Pirata

 

Confirmava-se a profecia que acalentara as legiões em infindáveis manhãs

O retorno triunfal, nas procelas de Netuno a navegar o ilustre guru Damerran

Mares revoltos, ventos em fúria, tsunami geral, sobreleva o olhar de esguelha

Ao ser anunciada a repatriação do genial menestrel, o Poeta da Praia Vermelha

 

Urca, Pão de Açúcar e Urubu, do alto dos seus costões eternos e exangues, tremei

Babilônia onírica, convivas do Zozô e bebuns do Laguna, dos prazeres acautelai-vos

Flanelinhas e estudantes, moçoilas e matronas, civis e militares, do Bem aproximai-vos

Porque o sábio do Meireles aqui está, ressurgiu para salvá-los, mister se faz escutá-lo

 

Loucos romeiros acorreram em bandos, turbas ignaras a fremir em colossais sururus

Porém o messiânico vate escafedeu-se de vez, consta homizio na freguesia de Bangu

De onde expede proclamas insanos, sempre exaltando belíssimo herói, o Dragão do Mar

Que homenageia, reverencia a traduzir o melhor da saudosa terra do literato Alencar

 

Filho exemplar, ungido e dileto desta mui formosa Sebastianópolis, caótica e tropical

No entanto renega as raízes profundas, afetivas, inapagáveis e caríssimas de Marechal

Onde bola jogou, estudou, namorou, fez-se homem e soldado, em conluio assaz fraterno

Não obstante, tudo esquece e à urbe natal consagra a pecha infame de Portal do Inferno

 

Causa estranheza o axioma cruel, ferino, injusto, advindo da veia de Mestre Salvanyus

Protetor aclamado, justiceiro idolatrado, imperador do 3º RCC até há bem poucos anos

Eternizou-se legenda, impossível excluí-lo da memória e história do feudo de Realengo

Hoje magoado, tristonho, apreciando-o impassível, fanatizado pela paixão do Flamengo

Cel Nilo - Cav 72{jcomments on}