O DRAGÃO-XAMÃ DO MAR CARIOCA
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- Criado: Quarta, 31 Agosto 2011 11:44
- Última Atualização: Quinta, 21 Abril 2016 14:09
- 31 Ago
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Paralisei, incrédulo, perante o inenarrável cenário que vi
Assim, absorto diante do mar, em contemplação o xamã Salvany
Ainda que mil anos vivesse, jamais dia algum poderia esquecer
A irrepetível aparição daquela noite, na bruma sombria do CMPV
Vislumbrei desatinos, na escuridão tardia de uma sexta-feira de agosto
Ali, talvez, reminiscências de encontros em remotos passados ignotos
Que o Baluarte as guarda na memória e no ar, da gloriosa Escola Militar
Aliás, palco perfeito para o renascimento e meditação do eminente avatar
Aturdido, confuso, me aproximei passo a passo com redobrada cautela
Impossível corporificar-se, agora, a presença do intelectual de Iracema
Ledo engano, vera última forma sonora, deleta, apaga, retumbante errata
Quando perto avistei uma senha inconteste, o negror do boné-grife Pirata
Confirmava-se a profecia que acalentara as legiões em infindáveis manhãs
O retorno triunfal, nas procelas de Netuno a navegar o ilustre guru Damerran
Mares revoltos, ventos em fúria, tsunami geral, sobreleva o olhar de esguelha
Ao ser anunciada a repatriação do genial menestrel, o Poeta da Praia Vermelha
Urca, Pão de Açúcar e Urubu, do alto dos seus costões eternos e exangues, tremei
Babilônia onírica, convivas do Zozô e bebuns do Laguna, dos prazeres acautelai-vos
Flanelinhas e estudantes, moçoilas e matronas, civis e militares, do Bem aproximai-vos
Porque o sábio do Meireles aqui está, ressurgiu para salvá-los, mister se faz escutá-lo
Loucos romeiros acorreram em bandos, turbas ignaras a fremir em colossais sururus
Porém o messiânico vate escafedeu-se de vez, consta homizio na freguesia de Bangu
De onde expede proclamas insanos, sempre exaltando belíssimo herói, o Dragão do Mar
Que homenageia, reverencia a traduzir o melhor da saudosa terra do literato Alencar
Filho exemplar, ungido e dileto desta mui formosa Sebastianópolis, caótica e tropical
No entanto renega as raízes profundas, afetivas, inapagáveis e caríssimas de Marechal
Onde bola jogou, estudou, namorou, fez-se homem e soldado, em conluio assaz fraterno
Não obstante, tudo esquece e à urbe natal consagra a pecha infame de Portal do Inferno
Causa estranheza o axioma cruel, ferino, injusto, advindo da veia de Mestre Salvanyus
Protetor aclamado, justiceiro idolatrado, imperador do 3º RCC até há bem poucos anos
Eternizou-se legenda, impossível excluí-lo da memória e história do feudo de Realengo
Hoje magoado, tristonho, apreciando-o impassível, fanatizado pela paixão do Flamengo
Cel Nilo - Cav 72{jcomments on}