MEMORIALISTAS, CRONISTAS E POETAS

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Sou internauta de gás rarefeito. Pouco transito na web, dela praticamente limitando o acesso à busca rotineira de sítios funcionais e ao recebimento de mensagens, que eventualmente respondo, ou retransmito. Redes sociais e blogs estão fora do meu escantilhão de interesse, sobretudo por motivo de certa má-vontade, ou rabugice, de um velho sexagenário, refratário ao grau de exposição pessoal a que tais redes submetem os seus usuários.Mais recentemente, no entanto, estou a me redimir de pecado que durante algum tempo cometi e aqui venho confessar com indizível remorso. Trata-se do acompanhamento mantido a longos intervalos do site da Turma, muito bem elaborado pelo Brito e que presta serviço de enorme relevância para a vivificação dos laços de amizade e companheirismo da gloriosa Turma Marechal Mascarenhas de Moraes. Depois de melhor familiarizado com a estrutura e noticiário do www.tummm72.com.br, passei a acessá-lo com frequência, bem pude aquilatar a excelência das colaborações publicadas e, nelas inspirado, refletir sobre vocações para mim até então insuspeitas.

Categorizar é preciso, neste mundo de irresistível vocação cartesiana. Assim, resolvi situar os nossos talentos em memorialistas, cronistas e poetas, apenas para fins expositivos, isto não significando a impossibilidade de considerá-los simultâneamente em dois ou mesmo nos três segmentos definidos.

Na primeira categoria, memorialistas, sobressaem de imediato, sem esforço, os nomes do Ângelo e do Brito.

O Ângelo, cabeça privilegiada, e bota privilegiada nisso, tornou-se referência, uma verdadeira enciclopédia ambulante da Turma. Manipula dados estatísticos, nomes, endereços e histórias com a facilidade de alguém que há muito se dedica, sem interrupção, ao ofício de manter preservada a memória grupal. O relato da nossa trajetória de vida, sem o seu denodado trabalho de pesquisa, estaria seriamente prejudicado e inconsistente.

O Brito veio expandir as possibilidades de interação e nos tornar mais acessíveis, através do site, dados coligidos e originalmente armazenados no fantástico HD natural do Kbeça. Com organização, uso da tecnologia e método, próprios de um comunicante engenheiro militar, construiu e mantém instrumento de valia excepcional, no sentido de enaltecer a personalidade modal da Turma, no estágio qualitativo de que ela se faz merecedora. Pode justamente ostentar o título, ao lado do Ângelo, de memorialista oficial de 72.

Há, a propósito, categoria peculiar a que não posso me furtar: é a do memorialista não-oficial, aquele que dirige o foco de seus estudos e pesquisas para assuntos de caráter geral. Nela, assoma Marcos de Bonis, infante de boa cepa, carioca da gema, hoje cidadão honorário de Araçatuba.

Os domínios de atuação do Marcos são a música popular brasileira e os esportes, notadamente o futebol, temas sobre os quais discorre escudado em apreciável acervo. Na verdade, dá continuidade ao extraordinário trabalho do pai, o saudoso Cel Raul, cuja memória inigualável permitia-lhe citar, de cór, escalações de times e súmulas inteiras de partidas ocorridas desde os primórdios do nobre esporte bretão no Brasil.

Coincidência ou não, depois que Dom Marcos radicou-se na aprazível cidade do interior paulista, ela passou a ser mais conhecida como a sede do Vôlei Futuro, cujas equipes masculina e feminina têm alcançado colocações de ponta na Superliga nacional. Aliás, consta que o central Michael é ex-discípulo do antigo levantador da Infantaria, tendo sido iniciado nas posturas e misteres do vôlei a partir da escolinha por ele mantida em Araçatuba. Verdade? A conferir, até a próxima assembleia no CMPV.

Entre os genuinamente cronistas, o Simões Júnior é o cara. Escreve com muita propriedade e sentimento, peculiaridades notórias aos detentores de pendores literários. Os seus textos são sempre prazerosos e retratam, com instigante requinte, as nuances de fatos vivenciados e as participações dos protagonistas neles envolvidos. Destaco suas emocionantes homenagens póstumas a dois personagens que bem conheci: o Vilela, o querido Macu, e o Cel Malta, excelentes figuras humanas aos quais o Simões, com a sua pena precisa e sensível, soube oferecer o lirismo de justas evocações.

Na categoria poetas, senso estrito, avulta o bardo Saint Clair, autoproclamado filósofo e poeta de botequim pé-sujo. Dono de vasta cultura, emprega linguajar rascante e agressivo, no denunciamento de mazelas contemporâneas: o framengo e a framenguice, a política partidária abjecta, o politicamente correto, a mediocridade dominante, e disfunções sociais afins. Suaviza o discurso demolidor com imagens deslumbrantes de paisagens e cafés das cidades onde flana pelo mundo durante o ano, ao lado de fotos exclusivas ao deleite da diretoria.

Outro vate praticante, Ivan Cosme, poderia ser conceituado na categoria artista multimídia, pois além de versejar, incluindo livros publicados, também dá seus pitacos nas artes plásticas, na animação cultural e na manutenção de um blog que representa autêntico bálsamo aos carentes de sabedoria, sôfregos pela busca do crecimento intelectual. Dom Coquinho é um must, na essência cultor da poesia, muito apreciado e ao qual recorro subliminarmente nos meus vãos devaneios existenciais.

E o que dizer do meu incrível e dileto irmão de fé Ivo Salvany, cujos heterônimos já quase tornam indistintos criador e criaturas? Polivalente, na completa acepção do termo, propaga idéias de ensaísta político, filósofo, guru, poeta de praia e pensador da modernidade. Encastelado no Alto Meireles, em Fortaleza, expede proclamas contra os ímpios e infiéis de todos os matizes, fustigados sem clemência ou piedade. É homem de vanguarda, e paga o preço devido pela ousadia de certas observações, conforme há poucos dias ao glorificar a fruição dos avanços obtidos pela virilidade no século XXI.

Manter acesa a chama da Turma, eis a a missão a ser cumprida.

Quando nos orgulhamos e torcemos pelo êxito dos nossos quatro estrelas; quando são realizados os encontros de confraternização; quando temos notícia de atividades bem-sucedidas de companheiros e amigos; quando alguns deles revemos, mesmo se em fotografias; até mesmo quando lamentamos e choramos em silêncio a perda de alguém, ou somos surpreendidos pela relíquia que o Arakaki nos proporcionou do inesquecível show da Virgínia Lane, no Teatro Acadêmico, tudo e demais incontáveis indícios de alegria e tristeza confirmam a pujança do espírito de uma Turma que se mantém viva e atuante.

Daqui a quarenta anos, tantos quanto mais houver até o final dos tempos e a poeira dos séculos escassear a presença física de seus integrantes, a Turma 72 sobreviverá nas lembranças de seus remanescentes, de seus descendentes e nos registros de seus memorialistas, cronistas e poetas de qualquer natureza.

“Quarenta Anos! Presentes”. Viva a Turma Marechal Mascarenhas de Moraes!!! Nilo{jcomments on}