Nota de Falecimento
Comente este artigo!
- Detalhes
- Criado: Domingo, 08 Abril 2012 16:18
- Última Atualização: Quinta, 21 Abril 2016 14:09
- 08 Abr
- Escrito por USUáRIO TESTE DE SISTEMA 1
- Acessos: 3323
Missa de Sétimo Dia será dia 14 Abr às 11h no Oratório do Soldado - SMU
Aos amigos e camaradas do Cel Cav/72 Boson Os integrantes da TuMMM/72 - Fortaleza convidam a todos seus amigos e camaradas para a missa em intenção da alma de nosso querido e inesquecível companheiro de turma Boson, amanhã, dia 13 Abr, às 17h, na Capela Militar do HGF. Tu MMM 72 - Fortaleza
Saudades do Boson
Foi-se o Boson. Com o seu nome de príncipe, as pernas mais arqueadas do Esquadrão e a alegria juvenil que o privilegiou até a maturidade da existência terrena.
Dele, guardo indelével na memória a convivência fraterna do limiar entre os nossos idos finais da adolescência e o ingresso na vida adulta, mais particularmente na senda da Cavalaria acadêmica. Depois, pouco nos encontramos, não surgindo a oportunidade de servirmos, nem sequer próximos, ou compartilharmos a realização de cursos no decorrer da carreira.
Apesar do distanciamento imposto pelas circunstãncias profissionais, sempre o acompanhei e tive notícias de sua brilhante trajetória, nessas quase quatro décadas de oficialato. Escutava relatos de desempenhos marcantes, coerentes com o manifestar de uma personalidade aparentemente impulsiva, porém na verdade centrada na matriz de rara inteligência, raciocínio rápido, criativo e aguçado, que bem o caracterizava.
Talvez o renome conquistado em âmbito nacional pela irradiação do Programa 5S, a partir do sucesso alcançado no seu comando de Unidade, seja exemplo recorrente quando se evoca a proficiência de sua atuação nos escalões de maior visibilidade da hierarquia militar. No entanto, muito mais que um coronel de fina estirpe, o Boson foi um amigo querido e um ser humano especial, justamente valorizado pelos que o conheceram, como eu, desde os verdes anos da juventude.
Cenas existem em nossas vidas que, mesmo se a eternidade pudesse nos contemplar, jamais poderiam ser esquecidas. Desse modo, o Boson está perpetuado em minha memória visual-afetiva através de uma antiga imagem, a meu ver bem significativa da essência da missão por ele tão bem executada nesse ELD ontem encerrado, sem dúvida preparatório para a assunção de desafios outros em paragens etéreas.
Refiro-me a uma fotografia do Cross da Ala / 71, que ainda hoje conservo num esmaecido álbum de retratos, expondo à perfeição o inenarrável clima de entusiasmo dos novos discípulos de Osório ao adentrarem o sonhado solo da Ala da Cavalaria. Enquanto permaneço envergando o uniforme completo de culote e botas, até agora sem saber bem precisar o motivo, o velho Busico de guerra, cantil à mão, sunga e pingalim, lidera uma tsunami de ensandecidos jovens cavalarianos que atropela os tímidos e demonstra a vibração pela escolha da Arma. Ali, era ele em sua razão de viver, num estado de pura alegria que contagiava os demais e os impelia ao rito iniciatório da celebração animada. Tempos felizes, às vezes por demais doloridos quando um dos nossos parte, mas também capazes de imortalizar-lhes a memória e a estima entre os que permanecem no ar, antes do mergulho na viagem terminal.
Assim como o poeta Bandeira, imagino o Boson entrando no Céu. Logo após as boas vindas, já deve ter colocado o Esquadrão em forma e organizado uma pelada, de polo ou futebol-society. Ele, o Caridade, o Gonzalez e o arataca Guerra, para não perderem o hábito e reatarem o longo convívio, discutem desde a formação das equipes até a escolha dos uniformes e do campo. O Martão, o Marne, o Macedinho e o Cruz, tranquilos, dialogam e aguardam o início dos confrontos.
Certo humorista sentenciou que qualquer ser humano, nas vinte e quatro horas seguintes à sua passagem, torna-se digno dos maiores elogios. O Boson certamente transcende esse universo, pois prolongará para sempre o sentimento de perda que entristece a imensidão dos seus familiares e amigos.
Valeu, Reinaldo Menna Barreto de Barros Falcão Boson. Grande no nome, na estima e na saudade que acomete todos os que tiveram o privilégio de conhecê-lo. Do amigo Nilo.{jcomments on}