Reunião da Tu MMM72/Rio de Janeiro

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O ANFITRIÃO PERFEITO

Ainda enfeitiçado pela atmosfera fantástica da reunião Pioneira, tento decifrar os inebriantes mistérios do estado de espírito que durante horas, na tarde de ontem, dominou o mezanino superior do Círculo Militar da Praia Vermelha.
Fui o último a tomar assento na távola retangular, por volta de 14:00h, injustificável atraso do qual me arrependo. Embora poucos, os comensais espelhavam a felicidade de reencontro marcado em aura divinal. A Helio Cossa, JRM Frazão, Rubem Saba, João Henrique, Saint-Clair PPL Neto, J Meirelles Fº e o M3 honorário Israel Gomes Fº compunham a aparente comissão de frente de enredo traçado por mestre de cerimônia talentoso. Todavia, surpresas acontecem sem pedir licença e logo vislumbro equipe de apoio para abrilhantar a tradicional troca de presentes anual. Donde teriam vindo três diligentes Mamães Noel, acompanhadas de um sugerido Papai Noel sem fantasia? (*)
Noutra mesa próxima reunia-se a Turma73 com expressivo número de filiados. Nada capaz de ofuscar o brilho estelar da Intrépida Turma - seis integrantes efetivos e o Israel no banco de reservas. Mesmo à distância percebia-se ligeira instabilidade emocional nos olhares fortuitos do Cabete e do D`Amico, que apesar de calouros se agregaram à Pioneira pelas habituais presenças nos seus encontros. Aliás, o cosmopolitismo e a simpatia há muito atravessaram fronteiras para firmar a marca registrada de a TM3 ser - parodiando a Cavalaria – “mais do que uma Turma, um estado d`alma.”

O CMPV, inaugurado em 1957, ocupa sítio histórico onde a formação do Oficial do Exército, na original Escola da Praia Vermelha, antecedeu a boite Casablanca, famosa representante da época dos cassinos e do que de mais elegante existiu na noite carioca, dos anos 1940 até a fundação do Círculo. Na tarde agradável, eu captava manifestações espirituais – e harmônicas – de integrantes da Escola espartana e de frequentadores dos memoráveis shows da Casablanca. Assim em transe, breve palpitar cardíaco fez-me aclarar o cérebro diante do óbvio: destinavam-se a John Meirelles, o querido Joe May, justíssimas homenagens pela perfeita organização do evento. Talvez em parceria metafísica com Carlos Machado, o inesquecível produtor e diretor que encantava os salões glamourosos da antiga Cidade Maravilhosa. Só faltava o impecável dinner-jackter branco, a gravata preta borboleta, calça e sapatos da mesma cor, e cabelos caprichosamente penteados, para Meirelles San ressuscitar a figura do gaúcho aventureiro que revolucionou a arte do espetáculo no Brasil.
Recobrei a razão ao lembrar-me de Castro Alves, o Poeta dos Escravos, que lá do firmamento deve estar a celebrar a reparação de flagelos cruéis inflingidos ao povo afrodescendente: “Nem cora o livro de ombrear co`o sabre, nem cora o sabre de chamá-lo irmão.”
Vale dizer, rusticidade não significa grosseria e franqueza não é incivilidade. Gentileza gera gentileza, pereniza amizades e faz do soldado-cidadão autêntico multiplicador de valores tanto castrenses quanto outros das melhores expressões humanas. Como o generoso gesto do Saint-Clair de presentear o Mestre-Guardião com A História da Pintura, belíssima obra que guardava para a própria leitura.
Caro Meirelles, parabéns! Abençoado pelos deuses da sabedoria, competência, fidalguia e discrição, você nos proporcionou, longe deste insensato mundo, alentados motivos para crer no império da sensatez, da fraternidade e do respeito ao próximo.
Vivas ao Joe May, O Anfitrião Perfeito! Hasta enero!]
Salve Santa Bárbara!
Rio de Janeiro, 04 de dezembro de 2021.
Nilo, RCPN 1949.
(*) Equipe formada pelo Meirelles, responsável por elogiável apoio à celebração de dezembro.